O treinador do F. C. Porto, Vítor Bruno, fez a antevisão do duelo desta segunda-feira com o Estrela da Amadora, da 14.ª jornada da Liga, e teceu algumas críticas aos lances polémicos de arbitragem, que têm marcado o campeonato.
Corpo do artigo
“É preciso estar atento ao Estrela, que vem de uma vitória moralizadora, isso leva a equipa para patamares de confiança elevados. As pessoas podem desconfiar com os resultados na Luz e em Alvalade, mas tiveram bons momentos nesses jogos, com lances claros de golo. Isso é um sinal de alerta e o não ter ganhado fora pode ser um tabu que queiram quebrar. Para nós é ganhar ou ganhar, impor o que é nosso, sermos autoritários e mandões. Devíamos estar no topo da classificação e temos de continuar o nosso trabalho”, afirmou Vítor Bruno.
O técnico foi questionado sobre a queixa apresentada pelo F. C. Porto no Conselho de Arbitragem após o empate em Famalicão e, nas entrelinhas, até comentou as frases do árbitro Luís Godinho nas redes sociais.
“Se me está a perguntar é porque pode haver esse sentimento em muita gente. O que me incomoda foi haver pessoas com critérios diferentes em lances semelhantes. Não podemos dizer muita coisa sob pena de sermos penalizados e isto não tem a ver com falta de frontalidade. O preço mais alto que se paga por ser incongruente só o sente quem sofre dessa incongruência. É demasiado evidente, estranho e mau para o futebol português. Há muita gente que fica mal na fotografia”, defendeu.
A ajuda a Otávio e as palavras de Eustaquio
O F. C. Porto conta 10 vitórias e apenas um empate nos jogos em casa esta época e Vítor Bruno reconhece que é mais fácil jogar com o apoio de muitos milhares de adeptos.
“Não tem a ver com fortaleza. Tem a ver como a forma como conduzimos os jogos. A equipa tem sido sólida a defender, depende dos adversários. Os campeonatos são ganhos fora e em casa, não apenas em casa. Obviamente que termos 50 mil pessoas é melhor do que ter apenas três ou quatro mil, mas o apoio é sempre decisivo”, realçou, antes de abordar a travessia no deserto de Wendell, que está em final de contrato.
“Podia ser politicamente correto e dizer que não me diz respeito, mas respeito muito o Wendell para dizer isso. Há aqui alguma celeuma. Tem vontade, ou alguém manifestou essa vontade por ele, de estar num sítio diferente e janeiro é sempre muito agitado. Vamos ver o que vai acontecer. O Wendell tem sido grande profissional, mas tenho de tomar decisões e quem ocupa aquele espaço tem dado garantias”, referiu.
O treinador dos dragões falou, ainda, de Otávio, que recorreu a ajuda psicológica para superar um momento menos bom e até deu o exemplo dos próprios filhos para desdramatizar o tabu em torno das fragilidades pessoais.
“O Otávio falou nisso e enalteceu duas pessoas importantes e supercompetentes no clube, que são a doutora Vera e o doutor Luís André. São ferramentas a que temos de recorrer, sem medo de assumir as fraquezas. É uma área que me cativa muito, até por razões pessoais – a minha mãe é licenciada em ciências de comunicação e a minha irmã em psicologia - e o Otávio teve a humildade de perceber que precisava de ajuda. Os meus filhos têm oito e 10 anos e recorrem a essas ferramentas porque também têm um pai que tem alguma pancada e é preciso alguém que os equilibre. É necessário para qualquer Otávio que vive numa sociedade desenfreada, cheia de consumismo, falta de tempo e os problemas que nos criam. Sentiu que era necessário algo mais, fê-lo e fê-lo bem”, destacou.
As palavras de Stephen Eustaquio após a vitória sobre o Midtjylland – o médio canadiano falou em “serviços mínimos” – causaram alguma polémica, mas o treinador entendeu tudo o que o jogador quis dizer.
“O Stephen disse que podíamos ter feito mais, mais golos para não ficarmos sujeitos a erros que podemos cometer. Eu também disse que a vitória tinha sido escassa. Causou incómodo, mas não foi no balneário, foi no Stephen, que veio falar comigo no dia seguinte, no Olival. Que me agrada este sentimento de exigência? Agrada-me, porque é isso que estamos a cultivar aqui dentro”, assumiu.