Sem clube desde que deixou o Flamengo, Vítor Pereira abordou, em entrevista ao jornal espanhol Marca, os vários momentos da carreira como treinador. A saída do F. C. Porto, a ascenção da liga saudita e a vontade de treinar nas cinco principais ligas foram alguns temas explicados pelo técnico luso.
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Com sete países no currículo de treinador, o último dos quais no Brasil ao serviço do Corinthians e Flamengo, esta quinta-feira, Vítor Pereira concedeu uma entrevista ao jornal espanhol Marca, onde explicou os passos dados desde que deixou o F. C. Porto, em 2013. Após conquistar o bicampeonato, o treinador não chegou a acordo para renovar e abandonou os dragões.
“Foi um período importante na minha vida, porque marcou o início da minha carreira a nível internacional. Tínhamos um grupo muito forte. Vencemos duas Ligas, perdendo apenas um jogo, o que indica que fomos uma equipa muito consistente. Jogamos um futebol dominador e de qualidade”, começou por dizer.
"Deixei o FC Porto por decisão minha. Decidi não renovar, porque estava há oito anos no clube, cinco na formação e três na equipa principal. A minha intenção na altura era ir para Inglaterra treinar o Everton, mas não aconteceu e fui para a a Arábia Saudita, porque queria garantir economicamente o futuro da minha família", sublinhou o técnico luso, sem clube desde abril.
As expectativas de Vítor Pereira acabariam defraudadas, nesse verão. O português, agora com 55 anos, chegou a reunir-se com a direção do Everton, mas os britânicos optaram por Roberto Martínez, atual selecionador nacional. Nessa época, o antigo treinador dos dragões rumou ao Al-Ahli, clube da Arábia Saudita.
Com passagens por Olympiacos, Fenerbahçe, 1860 München e Shanghai Port, onde treinou durante três anos e presenciou o crescimento e declínio da liga chinesa, Vítor Pereira acredita que contratar jogadores e treinadores mundialmente conhecidos não é o suficiente para criar uma liga competitiva a longo prazo.
“Se pensam que basta contratar jogadores e treinadores de qualidade para terem uma liga forte a longo prazo, estão enganados. Para mim, foi isso que falhou na China. O objetivo era a seleção e pensaram que criariam uma seleção forte naturalizando jogadores estrangeiros já veteranos, mas, como os resultados não apareceram, fecharam a torneira e deixaram de investir", continuou.
"Penso que para o Cristiano foi uma forma de se reivindicar, de continuar a sentir-se importante. Os jogadores que fizeram uma carreira de topo, independentemente da idade, precisam de continuar a receber atenção. Ele foi muito rápido, antecipou o futuro. Entendeu que na Arábia continuaria a ser importante e recuperou a alegria de jogar, inclusivamente na Seleção. Há muito tempo que não via o Cristiano tão feliz. Às vezes precisas de um espaço onde te sintas querido e importante, foi isso que a Arábia lhe deu. Além do dinheiro, como é óbvio", afirmou o técnico natural de Espinho.
Sem intenções de regressar ao Brasil, numa liga em que "não há projetos" e as "viagens são um problema", Vítor Pereira vê com bons olhos o regresso ao futebol europeu mas admite "não ficar à espera" que um clube das cinco principais ligas bata à porta.
"Nunca trabalhei nas grandes ligas e, provavelmente, tenho um pouco de culpa, não tenho paciência para esperar que me chegue a oportunidade certa. Para mim, o futebol é como respirar e quando me falta o ar, tenho de voltar ao relvado. Agora estou um pouco mais tranquilo, mas sei que voltarei muito em breve. Se surgir um projeto numa grande liga, aceitarei, mas não vou ficar à espera", concluiu o treinador português, em entrevista à Marca.
Amante da "arte do futebol" e das vitórias com "mérito e qualidade", ainda com futuro incerto no mundo do futebol, Vítor Pereira não esconde que recebeu contactos para trabalhar na La Liga, campeonato em que "adaptaria com facilidade".