Diogo Godinho dá voz à ambição da SAD de atingir patamares mais altos.
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Vivem-se dias felizes em casa do líder da Série A do Campeonato de Portugal, sem derrotas em jogos oficiais e com os melhores ataque (44) e defesa (3) de todos os campeonatos nacionais. O Vizela caminha a passos largos rumo à LigaPro, mas com as devidas cautelas.
"Sonho todos os dias com a subida, mas faltam muitos jogos. Estamos preparados e estruturados para chegar à 2.ª Liga, mas há várias equipas com a mesma ambição. E, num play-off, basta uma bola ir à trave para acabar com um sonho", afirmou Diogo Godinho, presidente da SAD vizelense. "Estou satisfeito, mas os números atuais não garantem subidas. Cada vez mais os nossos adversários vão querer colocar um travão no nosso registo", acrescentou.
As energias estão direcionadas para o regresso às provas profissionais, mas isso não é impeditivo de planear o futuro. "O foco principal é subir à 2ª Liga. Não há outra forma de pensar. Cumprido esse objetivo, a ambição pessoal e dos investidores será criar condições para colocar o Vizela na primeira divisão", revelou. "Temos condições e massa adepta para isso. A sintonia entre sócios e a equipa tem sido espetacular", justificou o dirigente, de 36 anos, o rosto da empresa SECA, acionista maioritária do clube. "A SECA é uma empresa chinesa, detentora de 80% da SAD do Vizela, e que tem ligações ao futebol e ao mundo do desporto. Agencia jogadores a nível nacional e internacional, tem uma percentagem no Manchester City, tem ligações comerciais ao Piqué e ao Messi, entre outros, mas também tem uma aposta forte em diversas modalidades, como os desportos motorizados, ténis e boxe", explicou Diogo Godinho.
Ao sucesso da equipa principal, o dirigente espera juntar a subida da equipa de juniores à 1.ª Divisão. "Acredito que podem subir. O futuro dos seniores do Vizela passa também pelo aproveitamento dos jovens talentos", lembrou.
Que à quarta seja de vez"
Elo de ligação entre a direção e o grupo de trabalho liderado por Rui Amorim, é nos detalhes que não se veem nos jogos que o diretor desportivo Eduardo Oliveira tem conquistado resultados e a confiança dos responsáveis da SAD vizelense.
"A experiência que adquiri como jogador facilita-me o trabalho, pois tenho uma melhor noção das necessidades de uma equipa profissional. Juntamente com o Tiago Dias, a nossa preocupação é proporcionar aos jogadores e equipa técnica todas as ferramentas necessárias para que a semana de trabalhos corra sem sobressaltos", explicou. "Como diretor desportivo, a passagem por clubes anteriores também me permitiu ter um conhecimento maior e melhor do mercado. Já estive em três fases de subida e espero que à quarta seja de vez", afirmou Eduardo Oliveira.
Juniores também brilham
Com lugar garantido na fase de subida à 1.ª Divisão de juniores, a três jornadas do fim, Vasco Gonçalves não esconde a satisfação pelo primeiro lugar na Série A. O registo é positivo, mas o treinador, de 40 anos, que antes passou pelos seniores do Pevidém e pela formação do Vitória de Guimarães durante 12 épocas, tem consciência que nada está alcançado. "Estou satisfeito, mas há um longo caminho a percorrer para conseguirmos a subida. Temos de continuar a trabalhar com responsabilidade e humildade, pois se não dermos continuidade ao que temos feito não iremos atingir resultados positivos na fase de subida", disse. "Queremos continuar a potenciar jogadores para a equipa sénior. Temos conciliado os resultados com esse objetivo, mas os atletas têm de continuar rigorosos no trabalho diário", concluiu.
Compromisso e o trabalho de todos
Já com três presenças em fases de subida, mas sem nunca ter festejado, Rui Amorim quer inverter a tendência dos últimos anos e escrever o seu nome na história do Vizela. O registo atual é animador, mas o treinador, de 41 anos, não se deixa deslumbrar. "Os números são agradáveis, mas a experiência diz-me para ter cautelas. O Campeonato de Portugal são dois campeonatos num só. Os dois primeiros passam à fase seguinte, mas depois não há favoritos. Mas o objetivo passa por subir de divisão", vinca.
Rigoroso e metódico no trabalho diário, no qual o mínimo pormenor não escapa, o treinador, num discurso humilde e verdadeiro, divide o mérito com toda estrutura. "O segredo é o trabalho e o compromisso de todos. Sou apenas um dos rostos visíveis, mas há muita gente envolvida para que as coisas se processem em vitórias", justificou.
Uma satisfação que estende aos sócios. "Têm sido fantásticos nos estádios e diariamente. Após as férias natalícias, uma sócia fez questão de vir entregar bombons ao grupo. São miminhos que nos tocam e que nos fazem querer dar sempre mais", disse.
Só dois furaram setor de betão
Com apenas três golos sofridos no campeonato, dado que a derrota (1-0) com o Gil Vicente, em Barcelos, não será homologada, Rui Amorim tem motivos suficientes para estar orgulhoso da eficácia do último setor. Em 15 encontros, apenas o Trofense (2 golos) e o Mirandela (1) conseguiram encontrar a solução para chegar com êxito à baliza vizelense. O experiente jogador brasileiro Weliton, uma das opções regulares no centro da defesa, explica a base do sucesso. "O segredo, na minha opinião, deve-se à união e ao compromisso de todos. São aspetos fundamentais para manter a baliza intocável", referiu Weliton, de 29 anos, antigo jogador dos juniores do Sporting (2007/2008), mas sem nunca ter representado a equipa principal dos leões.
Com vários anos em Portugal e com passagens por outros clubes, Weliton aponta as principais diferenças para com o Vizela. "É um clube mais organizado em todos os aspetos e com uma massa associativa muito forte. São pontos favoráveis que nos permitem fazer a diferença dentro de campo", sublinhou o jogador brasileiro.
Ninguém fatura como os vizelenses
Com um ataque demolidor, que já permitiu à massa associativa festejar o golo em 44 ocasiões, quando estão cumpridas 15 jornadas, Zé Valente (9 tentos), Correia (8) e Fall (7) vão terminar o ano com o estatuto de melhores marcadores. O trio é responsável por 54,5% dos golos da equipa, mas o mérito é repartido com o coletivo. "A sorte tem sorrido para o meu lado, mas o mérito é do grupo", adiantou Zé Valente, que durante quatro temporadas representou o Aves.
Para o jovem médio, de 24 anos, que na presente época já surpreendeu os guarda-redes adversários com duas grandes penalidades marcadas à "Panenka", o foco do grupo está bem direcionado. "Sou mais um que quer ajudar o Vizela a subir de divisão. Assumimos isso e vamos lutar até ao fim para que tal seja uma realidade".
Vilaverdense (6-0), na segunda jornada, e AD Oliveirense (10-0), na quinta, foram as equipas que mais sofreram com o ataque vizelense. O Torcatense foi a única equipa a não sofrer golos até ao momento - o jogo com o Gil não conta para nada -, impondo um nulo em casa à formação de Rui Amorim.