Wendell mantém confiança na conquista do título, sonha chegar longe na Champions e elogia treinador. "Sem ele, não estávamos em todas as frentes".
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Depois de ter celebrado os três primeiros títulos da carreira na época passada - campeonato, Taça de Portugal e Supertaça Cândido de Oliveira -, Wendell continua a viver dias felizes na Invicta. A goleada (5-1) ao Arouca, aliada à derrota do Benfica em Braga, permitiu ao F. C. Porto reduzir a desvantagem em relação às águias para cinco pontos e dá ainda mais alento na luta pelo bicampeonato.
Depois de alguns deslizes no início da época, como justifica a evolução do F. C. Porto?
Justifica-se com o trabalho e com a capacidade que o nosso míster e equipa técnica têm. Vivemos debaixo de uma cobrança muito grande nos treinos e isso faz com que, nos jogos, possamos estar sempre no nosso melhor nível.
Apesar da diferença para o Benfica, ainda acredita no título nacional?
Sim, claro que sim, não está nada perdido. Estamos na 14.ª jornada, há muito campeonato pela frente. É verdade que, infelizmente, perdemos alguns pontos que não perdemos na época passada e isso deixa-nos atrás do nosso rival. Mas garanto que vamos trabalhar no máximo para ir reduzindo a desvantagem. Tal como nos aconteceu a nós, esperamos que o nosso concorrente direto também perca pontos. No fim do campeonato logo vemos se conseguimos atingir o nosso grande objetivo, que é o título nacional.
Além do campeonato, há Taça de Portugal, Taça da Liga e Champions. É fácil manter o foco?
Não há como esconder que o campeonato é o nosso principal objetivo, mas isso não quer dizer que não vamos chegar forte às outras provas, com toda a ambição de as vencer. Temos todas as condições - equipa técnica, grupo de trabalho - para podermos lutar em todas as frentes. É nisso que vamos continuar a pensar.
Incluindo a Liga dos Campeões? É possível chegar longe e até sonhar com uma eventual final?
No futebol tudo é possível. Temos uma grande equipa, um grande treinador, um excelente plantel para lutarmos em todas as frentes. Queremos chegar o mais longe possível. Claro que sabemos que é um competição muito difícil, mas se calhar pouca gente acreditava que poderíamos vencer o grupo em que estivemos envolvidos, sobretudo depois das duas derrotas nas duas primeiras jornadas. Nessa altura, mostrámos a nossa força, a força dos nossos adeptos e esperamos seguir muito fortes na Champions League.
Todos os jogadores destacam a exigência de Sérgio Conceição. Como lidou com isso nesta época e meia no F. C. Porto?
Até digo mais: se não tivéssemos um treinador como o Sérgio Conceição, tenho a certeza que não estávamos em ação em todas as frentes. A exigência dele serve para levar cada jogador ao máximo das potencialidades. Eu cheguei ao F. C. Porto com 27 anos e não me custa nada admitir que gostava de ter apanhado o "mister" quando tinha 18, 19 ou 20. Não tenho dúvida que teria aprendido muito mais e, se calhar, chegado a outros patamares mais cedo.
Mas qual é a diferença em relação a outros treinadores que já teve?
Tive bons treinadores na Alemanha, mas nenhum como este. Acho que todos os atletas do F. C. Porto estão gratos ao míster Conceição, porque, para ele, o treino é jogo. Acho que isso é realmente muito importante e deixa-nos muito felizes. Admiro-o bastante, porque apesar de eu já ter 29 anos continuo a aprender coisas novas a cada dia. Tiro-lhe o meu chapéu.
Não conquistou qualquer título nas sete épocas que passou no Bayer Leverkusen e na primeira no F. C. Porto celebrou três...
Antes de mais, tenho de agradecer a Deus pela oportunidade que me deu para chegar a um grande clube, com um grande plantel e um grande treinador que, como todos sabem, tira o máximo de cada atleta. Fui muito feliz na Alemanha, tive sete anos de aprendizagem, mas infelizmente não ganhei títulos. Aqui, no F. C. Porto, ganhei três no primeiro ano. Claro que fico feliz por fazer parte deste grupo e só espero conquistar mais já este ano.
Tem feito dupla com Galeno no flanco esquerdo. Como avalia a prestação de ambos?
Lá está, o nosso plantel tem muita qualidade e quem entra acrescenta sempre algo à equipa. O Galeno está a ajudar-me muito, até porque também temos uma excelente relação fora de campo e isso ajuda lá dentro. Estamos bem conectados e temos feito grandes jogos, mas isso deve-se a toda a equipa e não apenas a nós os dois.
Como foi a adaptação a Portugal e às cidades do Porto e Vila Nova de Gaia?
São cidades incríveis, tudo é perto, e sentimos o calor dos adeptos, algo que não notava assim tanto na Alemanha. Também gostei de Leverkusen, mas a adaptação ao Porto foi, sem dúvida, mais rápida.
Gosta da comida portuguesa?
Muito boa, muito boa. A minha mãe e a minha sogra, que vivem comigo, até dizem que cheguei aqui magrinho e agora estou muito gordo (risos). Mas compenso isso com facilidade, porque treino forte e a cobrança do clube não nos deixa exagerar (risos). Por exemplo, eu nem gostava de bacalhau, mas provei as receitas portuguesas e são incríveis.
Quais os desejos para 2023?
Felicidade e alegria para todos. Desportivamente, é fácil: conquistar títulos e voltar a celebrar em maio.
Perfil
Torneio de Toulon abriu portas da Europa
Wendell Borges>
Idade: 29 anos
Posição: defesa esquerdo
Nascido em Fortaleza, a 20 de julho de 1993, jogou no Iraty, Londrina, Paraná e Grémio, despertando a cobiça dos clubes europeus com a participação, ao serviço da seleção brasileira, no Torneio de Toulon de 2014. O Bayer Leverkusen ganhou a corrida e contratou-o ao Grémio por 6,5 milhões de euros. Depois de sete épocas na Alemanha, com muitos jogos nas pernas, rumou ao F. C. Porto em 2021/22 por 4,2 milhões de euros.