A corrida para angariar fundos para a investigação da cura das lesões da espinal medula assumiu este ano contornos diferentes. Reduziu as provas físicas, mas criou uma app que permite participar à distância. Há corrida "oficiais" em Lousada e em Lisboa.
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Depois de acontecer em quase quatro dezenas de cidades do mundo no ano passado, a Wings For Life World Run reduziu a promoção física de corridas para 24 localizações.
Mas criou uma aplicação móvel descarregável gratuitamente que permite replicar o evento com o mesmo stresse que caracteriza a original prova: começar a correr ao mesmo tempo que todos os corredores pelo mundo e ser virtualmente "parado" pelo carro-meta. A partida é dada este domingo, às 12 horas de Portugal continental.
Recorde-se que o princípio é "fugir" de um carro-meta que arranca 30 minutos depois de dada a partida, aumentando progressivamente de velocidade até aos 35 km/h.
Por dificuldades organizativas e escasso retorno em termos de imagem, Portugal foi uma das localizações que perdeu a presença física da corrida organizada pela Fundação Wings For Life, uma organização sem fins lucrativos sediada na Áustria, ligada à Red Bull Internacional.
"Mas todos nós temos a vontade que a prova aconteça", contou ao JN Nuno Jesus, indefetível do evento, ao qual levou sempre o amigo Jorge, paraplégico depois de um acidente de motocrosse. A ideia é continuar a manter a chama da solidariedade, uma vez que, associada à corrida com a "app" está a possibilidade de doar fundos à causa. E conta com o apoio técnico da Red Bull Portugal.
Nuno vai estar com Jorge e Mária Santos numa "prova" organizada no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Lisboa, na qual estão já "inscritos" 68 corredores. A norte é o embaixador da Wings For Life Portugal, José Regalo, que lidera a ação solidária, com 71 inscritos no Parque da Torre de Vilar, em Lousada. Haverá ainda outras corridas não oficiais organizadas em torno da aplicação, sendo fácil procurar equipas e localizações na página da Wings na Internet.
Quanto a corridas "físicas", haverá que seguir os portugueses que vão tentar recordes na Áustria, na Austrália e no Chile. Os atletas portugueses que ganharam provas em 2016 receberam como prémio escolher uma das localizações da Wings.
António Sousa, vencedor da primeira edição portuguesa na Comporta e da terceira, no Porto, viu o seu nome entre os 10 melhores a nível mundial- correu 69,4km, enquanto o italiano vencedor, Giorgio Calcaterra, parou aos 88,4km. "Escolhi o Chile porque tem sido sempre uma das corridas mais competitivas. Além disso tem uma temperatura perfeita para correr - na ordem dos 13 graus", explica António Sousa, na peugada de quem segue Vera Nunes, que venceu o Porto entre as mulheres, no ano passado.
Já Hélder Santos, que em 2016 conquistou o Dubai, estará em Melbourne, na Austrália, a tentar lutar contra a diferença horária. Doroteia Peixoto foi a primeira em Niagara Falls no ano passado. Este ano, vai literalmente passear. Optou por isso pela cidade-mãe da corrida, Viena de Áustria, para não fugir muito das condições de treino portuguesas. "Desta vez vou mesmo pela causa, porque tenho uma maratona muito importante de apuramento para o Campeonato do Mundo apenas uma semana antes".
A Wings for Life World Run foi pensada em 2014 pela Fundação com o mesmo nome, criada em 2004 para financiar a investigação em torno de uma cura das lesões na espinal medula, renegada pela indústria mundial por ser onerosa e perspetivar muito pouco retorno.
Em apenas três anos, mobilizou 280 mil participantes de 193 países em 38 localizações dos seis continentes, angariando 13,8 milhões de euros, 100% investidos na investigação científica. A Fundação, do seu lado, já apoiou 123 projetos globais de investigação.