
Facebook Luís Estanislau
Luís Estanislau, preparador físico que trabalha em Wuhan, cidade onde se identificou o primeiro caso de Covid-19, afirmou que na China as medidas de isolamento foram mais respeitadas e identificou alguns dos erros que estão a ser cometidos em Portugal.
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Depois de um período de isolamento em Wuhan, entre 22 de janeiro a 1 de fevereiro, o preparador físico do Hubei Chufeng Heli, do terceiro escalão da China, está agora a viver o mesmo cenário em Guimarães, cidade de onde é natural, e considerou estar mais enraizada na população chinesa a "cultura de respeitar as ordens do Governo", sem "necessidade de contrariar".
"Na China, fecha-se uma cidade de 11 milhões, está feito e acabou. Alguém manda, alguém decide e toda a gente cumpre, porque há essa cultura de [se] respeitar as decisões do Governo. Aqui [Portugal], como vivemos numa democracia de livre expressão, cada um pode dizer aquilo que quiser e bem lhe apetecer", disse à Lusa o técnico, de 27 anos, que rumou a Wuhan no início de 2019 para integrar uma equipa com mais dois vimaranenses: o treinador principal, Luiz Felipe, e o treinador de guarda-redes, Miguel Matos.
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Apesar das medidas de contenção em solo nacional não serem, a seu ver, "tão drásticas" como as tomadas na China, até pela "capacidade económica" díspar dos dois países, Luís Estanislau realçou que Portugal está agora "no caminho certo", sem "grandes dramatismos", após a "demora" inicial em "perceber a dimensão" da Covid-19, já classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia.
O técnico lembrou ter-se apercebido da gravidade da epidemia em 22 de janeiro, quando a equipa técnica regressou a Wuhan após um estágio de cinco semanas, em Kunming (sul da China), mas viu cancelado o voo do dia seguinte para as Filipinas, para a semana de férias do Ano Novo Lunar, antes do regresso aos treinos de preparação para a época que iria começar a 7 de março.
Num período de "dois a três dias", recordou, tudo fechou na cidade, à exceção dos supermercados, locais onde os consumidores eram obrigados a utilizar máscara, óculos e luvas, sob pena de serem colocados "logo em casa" pelas autoridades assim que saíssem dos estabelecimentos.
"A partir do momento em que temos máscaras, óculos na cara, podemos tocar em tudo. Não vamos conseguir tocar nem na boca, nem no nariz, nem nos olhos [canais de propagação do novo coronavírus]", explicou, tendo dito ainda que, na hora de chegar a casa, deitava a máscara ao lixo e desinfetava os óculos.
O preparador físico, que também já trabalhou nos escalões de formação do Vitória de Guimarães e do Sporting, confirmou ainda que a equipa técnica quer voltar ao Hubei Chufeng Heli, clube com o qual tem contrato até ao final de 2020, mesmo sem ainda saber a data em que regressa a competição.
