Projetos de inovação para que o país não perca a liderança europeia juntam empresas, associação e universidades.
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O setor das duas rodas uniu-se para criar um consórcio e submeter projetos no valor de 258 milhões de euros ao Plano de Recuperação e Resiliência, que poderão criar 600 empregos qualificados e ajudar a garantir que o país continua no pelotão da frente: Portugal é o maior produtor europeu de bicicletas, fabricando-se anualmente 2,7 milhões. Para não perder o lugar, a inovação é decisiva.
O plano, ontem divulgado, é composto por 64 projetos nas áreas da inovação produtiva, investigação, qualificação e internacionalização. São apresentados por 34 empresas (a maioria em Águeda e Anadia e as restantes distribuídas pelo norte e centro litoral), às quais se aliaram as universidades de Aveiro e de Coimbra, o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Industrial e o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros, para além da ABIMOTA, a associação que representa o setor das bicicletas.
A estratégia é "fundamental para Portugal continuar a ser líder no setor das duas rodas", defendeu Pedro Araújo, da Polisport, que lidera o processo de candidaturas. "Não queremos ser líderes passivos", disse, explicando que há muita concorrência de outros países e este momento é decisivo, por estarem "na ordem do dia questões como a descarbonização e a mobilidade suave".
O setor quer "continuar a crescer" e, para isso, pretende aumentar a escala de valor dos produtos portugueses, referiu o secretário-geral da ABIMOTA, Gil Nadais. "As bicicletas têm cada vez mais tecnologia e novos materiais. Queremos não apenas produzir muitas bicicletas, mas estar na primeira linha do mercado", sublinhou.
Para o sucesso do setor também é preciso que os diferentes agentes possam "criar sinergias", acrescentou João Miranda, presidente da ABIMOTA.>
Centro tecnológico
Dos projetos, destaque para um Centro de Interface Tecnológico para o setor das duas rodas e mobilidade suave, que a ABIMOTA quer criar para "alavancar as competências e desenvolvimento das indústrias", explicou Gil Nadais. Se a associação conseguir fundos, poderá estar a funcionar dentro de "um ano e meio".
Apesar de admitir haver uma "grande incerteza", Gil Nadais está confiante e não acredita que o Governo vá "abandonar" um setor como o das bicicletas, que "exporta cerca de 30%, capta investimento estrangeiro e tem mais uma década para poder continuar a crescer".
As candidaturas já foram submetidas e os resultados são esperados no final do ano. Estima-se que os projetos tenham diferentes níveis de financiamento, que poderão ir desde os 30% aos 90%.