Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo iniciaram uma marcha em Lisboa, às 15.15 horas, do Saldanha à sede da Empordef, onde esperavam ser ouvidos pela empresa. Mas, à chegada, a administração mandou dizer que já não estava ninguém para os receber.
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Os trabalhadores e famílias, num total de cerca de 500 pessoas, saíram manhã cedo de Viana do Castelo com destino a Lisboa e percorreram a pé o trajecto entre a rotunda do Saldanha e a rua Braamcamp, sede da Empordef, holding pública e accionista único da empresa, que reuniu em assembleia-geral, esta sexta-feira à tarde.
A reunião serviu para definir o futuro dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), actualmente com um passivo acumulado de 240 milhões de euros. Por isso, os trabalhadores marcharam com o objectivo de serem ouvidos após a reunião. Mas tal não aconteceu. À chegada, um segurança informou que já não havia ninguém da administração para os receber. E foi ao segurança que entregaram a moção a exigir a viabilização da empresa, sem despedimentos.
"É um sinal do que nos espera. Isto não se faz", declarou indignado Martinho Cerqueira, porta-voz dos trabalhadores. "De certeza que foi o ministro da Defesa que deu indicação para não sermos recebidos. O ministro não gosta destas coisas na rua", acrescentou.
Aplausos ao longo do percurso
Durou cerca de duas horas o percurso a pé entre a rotunda do Saldanha e a rua Braamcamp. Na frente do protesto, encabeçado por uma carrinha cedida pela União dos Sindicatos de Lisboa, da CGTP, lia-se numa faixa "viabilização sim, despedimentos não". E vários cartazes frisavam palavras de ordem, como "Estaleiros têm 67 anos exigem respeito" e "Queremos trabalho não queremos ser enganados".
À passagem, os trabalhadores ouviram aplausos de funcionários de empresas que foram às janelas em sinal de apoio.
Na rotunda Marquês de Pombal, Bernardino Soares, do PCP, juntou-se ao protesto, assim como diversos dirigentes e delegados sindicais do centro e sul. Também o dirigente do BE, Francisco Louçã, esteve ao lado dos trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo. O líder da CGTP, Carvalho da Silva, entrou na marcha na Rua Castilho.
Bernardino Soares declarou que não faz sentido a reestruturação da empresa passar por despedimentos quando há contratos e indicou que o PCP está disponível para questionar a tutela no Parlamento sobre como estão a decorrer as negociações.