Agências de turismo criticam "embuste da taxa turística" e pedem clarificação de negócios não convencionais

Presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo (APAVT)
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O presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo (APAVT) criticou a evolução vergonhosa da taxa turística e pediu uma clarificação face "à explosão dos negócios não convencionais". Na sessão inaugural do 50.º Congresso da APAVT, que reúne em Macau mais de mil agentes ligados ao turismo, foi elogiada a competitividade do setor que "tem permitido crescer onde todos estagnam".
Pedro Costa Ferreira assinalou "a vergonhosa evolução das taxas turísticas" que são "um embuste", pois nem são taxas, nem são turísticas. Não correspondem a qualquer serviço e são pagas por todos. "São mais um ataque de políticos fracos a mercados fracos, que sangra quem, por trabalhar mais e melhor, produz mais resultados", criticou.
O setor do turismo "é mais competitivo que a economia nacional", elogiou o líder da APAVT. Tem sido uma zona de resistência à "mediocridade reinante "e "tem permitido crescer, onde todos estagnam". Descentraliza e acolhe imigrantes, "dando-lhes formação e condições dignas, quando outros os defendem nas ruas para melhor os alojarem em camadas como se fossem escória humana", precisou.
Falando diretamente para o secretário de Estado do Turismo, o líder da APAVT lembrou a necessidade de clarificar as condições de exercício da atividade, nomeadamente a explosão dos negócios "não convencionais" que tem provocado "dúvidas e incerteza". E pediu igualdade de oportunidades para todos.
Nova estratégia

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Numa comunicação posterior, o secretário de Estado anunciou um reforço de financiamento que, no próximo ano, irá permitir colmatar algumas carências operacionais e reforçar a fiscalização de angariadores de viagens nas redes sociais e "influencers". Haverá "uma atenção redobrada, quer do Turismo de Portugal, quer na ASAE, na defesa dos interesses dos agentes turísticos", prometeu Pedro Machado. O governante salientou que no dia 18 será lançada a nova estratégia nacional para o Turismo 2035 que pretende colocar Portugal nos "dez países mais competitivos do mundo em termos de posicionamento".
"Tutela absolutamente ignorante"
Sobre a TAP, Pedro Costa Ferreira referiu a revoltante situação da companhia não aceitar cartões de crédito de agências de viagens, mas disse contar com o presidente da TAP para a preparar "para uma privatização com êxito".
O líder da APAVT pediu ainda uma melhor gestão dos museus e monumentos que "são, sempre foram, das pessoas" e não "têm de ser protegidos delas. Começo a pensar que têm de ser protegidos de uma tutela indigente, absolutamente ignorante e totalmente incapaz de atuar", criticou, salientando o papel fundamental dos agentes turísticos na divulgação da cultura, mas que continuam a ser tratados como "delinquentes organizados".
Na abertura do congresso, que decorre até quinta-feira, Pedro Costa Ferreira realçou os 7,7 mil milhões de euros gerados pelo setor, o equivalente a 3,3% do PIB, lembrando que, em 2019, representava apenas 4,2 mil milhões de euros. E assinalou que a distribuição turística teve um impacto global de cerca de 2,9% do emprego global, 3,3% do total nacional das remunerações e 2,6% da receita fiscal arrecadada em Portugal. "Estamos todos de parabéns", terminou.
