O presidente do Bundesbank, banco central alemão, defendeu, esta quinta-feira, que o Banco Central Europeu (BCE) não deve conceder mais liquidez de urgência à Grécia, acrescentando que qualquer ajuda adicional deve ser da responsabilidade dos governos.
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"Tem de ficar claro que a responsabilidade por futuros desenvolvimentos na Grécia e que quaisquer decisões de transferência de recursos financeiros é do Governo grego e dos países que derem assistência, não é do conselho de governadores do BCE", afirmou Jens Weidman durante uma conferência em Berlim.
O BCE está atualmente a manter os bancos gregos - e por consequência a economia grega - "à tona de água" através da provisão de liquidez de emergência (ELA, Emergency Liquidity Assistance).
"Os bancos centrais precisam de mostrar os limites da sua atuação", afirmou Weidmann, que como presidente do Bundesbank tem assento no conselho de governadores do BCE.
O BCE congelou o montante total da ELA à Grécia em cerca de 89 mil milhões de euros e nesta semana endureceu as condições de acesso à provisão para os bancos gregos.
Segundo o BCE, a ELA é um apoio dado pelos bancos centrais da zona euro em circunstâncias "excecionais e numa base caso a caso a instituições e mercados temporariamente ilíquidos".
O problema é a dificuldade em dizer qual é a diferença entre "iliquidez e insolvência", afirmou Weidmann.
E no caso da Grécia as "dúvidas sobre a solvência dos bancos são legítimas e estão a aumentar de dia para dia", afirmou.
Weidmann responsabilizou o Governo liderado pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pela fuga de capitais da Grécia, que acusou de ter sido "largamente criticado como sendo um parceiro de pouca confiança nas negociações".
A Grécia foi forçada a instaurar um controlo de capitais, tendo imposto um limite do montante que pode ser levantado pelos gregos de 60 euros por pessoa.
Weidmann congratulou-se com o facto da ELA "já não estar a ser utilizada para financiar a fuga de capitais provocada pelo Governo grego".
"Isto de certeza que representa um passo em frente e direciona a responsabilidade para onde pertence, designadamente, governos e parlamentos", afirmou.
"Em qualquer caso, o Eurosistema (Sistema Europeu de bancos centrais) não deve aumentar a provisão de liquidez e o controlo de capitais precisa de continuar até que um pacote de apoio apropriado tenha sido aceite por todas as partes e que a solvência tanto do Governo grego como do sistema bancário grego tenha sido assegurada", afirmou.
"No caso de ser pensada como desejável ou necessária qualquer futura ajuda de curto prazo cabe aos políticos conceder apoio financeiro 'ad hoc'", insistiu.