Madeirenses abriram empresa no Porto e confirmam dificuldade em comprar carros.
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Em plena ressaca da mais mortal vaga de covid-19 e com o país em quarentena, três empresárias da Madeira arriscaram e abriram uma empresa de aluguer de automóveis no centro do Porto. Agora, estão a colher os frutos da aposta e a situação só não é melhor porque não há mais carros.
O estilo fluorescente da fachada do 838 da Rua de Santa Catarina, no Porto, contrasta com o tom cinzento de algumas lojas ali localizadas. Dentro da esverdeada Flash Rent, duas simpáticas empresárias contam ao JN como decidiram arriscar num negócio que já conheciam e está a correr bem. "Somos malucas por abrir uma rent-a-car em plena pandemia", admite Raquel Castro. Ao lado, Michelle Mendes completa: "A vida é feita de riscos".
O maior risco de todos foi o imprevisível stock de carros, ou a falta dele, pois a Flash Rent já tem as reservas cheias para os próximos meses e a frota de cerca de dez viaturas é insuficiente para a procura: "Já estamos em overbooking [excesso de reservas] na Páscoa. No verão, estamos com julho e agosto muito bom, mas o verão é sempre bom".
Para esta procura também contribui o facto de só terem aberto o negócio em maio de 2021 e de toda a frota ser dessa altura: "Temos preço e qualidade, a nossa frota é toda nova. Também temos aquela perspetiva de não termos grandes problemas com o uso da viatura durante um longo período".
crescer mais devagar
Raquel e Michelle trabalharam durante 14 anos numa grande empresa de aluguer de automóveis e decidiram sair por iniciativa própria para montar um negócio. Juntaram-se a Francisca Teixeira (a terceira sócia, de Amarante, que não pôde comparecer à entrevista) e construíram tudo de raiz: "Estruturamos tudo muito bem e é um projeto nosso".
Raquel e Michelle demonstram vasto conhecimento do setor, inclusive das dificuldades que existem para adquirir viaturas: "O que há tem qualidade mas também tem valores que não são agradáveis", constata Raquel Castro, que esclarece que a disponibilidade "é de gama alta". Com a procura a subir, esperar mais de meio ano por um carro novo é incomportável: "Temos muita procura, graças a Deus, mas não somos capazes de atender todos os clientes que nos vão procurar". Michelle vê o lado positivo: "Em parte, obriga-nos a crescer mais devagar, mas se calhar até é bom, porque ficamos menos suscetíveis a oscilações".
Com as reservas da Páscoa e do verão asseguradas, a Flash Rent já pensa no pós-férias. Aliás, reduzir a sazonalidade é uma das estratégias da empresa para conseguir crescer sem ter de aumentar muito a frota. O cliente do mercado de inverno é "do Leste e do Norte da Europa", afirma Raquel, que assegura que "o mercado de inverno também é muito bom".v