Cerca de 1300 táxis parados em Lisboa, 250 no Porto e 200 em Faro ao segundo dia de protesto. Os taxistas contam, esta quinta-feira, com o apoio de uma delegação de profissionais espanhóis.
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O protesto dos taxistas contra a entrada em vigor da lei das plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados cresceu esta quinta-feira, ao segundo dia de protesto, com mais de 1300 carros parados em Lisboa, segundo a organização. No Porto são 250 e em Faro 200.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos, referiu que em Lisboa estão "mais de 1300 taxistas, um número superior ao de ontem [quarta-feira]", num universo de 3400 que operam na capital.
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De acordo com Carlos Ramos, os táxis em Lisboa já se encontram no cruzamento da Avenida da República com a Avenida Elias Garcia. As viaturas mantêm-se estacionadas na faixa Bus, a maioria deles vazios, nos dois sentidos da Avenida da Liberdade. Os taxistas não puderam ocupar a rotunda do Marquês de Pombal, retomando o aparcamento no sentido descendente da Avenida Fontes Pereira de Melo.
Cerca de 30 horas após o início do protesto, os taxistas não pensam em desistir da luta, mesmo depois de o eixo central da Avenida da Liberdade ter sido reaberto às 07.30 horas pela PSP.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Ramos considerou que a reabertura do eixo central da Avenida da Liberdade é uma provocação e uma alteração das condições que tinham ficado estabelecidas anteriormente.
Não podemos ir embora porque esta é uma luta de todos
Cerca de 250 taxistas mantêm-se na avenida dos Aliados, no Porto, contra a lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal, garantindo "não arredar pé" até receberem "respostas positivas" de Lisboa.
Alguns dobram mantas e cobertores para arrumar na mala do carro, outros passeiam pela avenida para "esticar as pernas" depois de uma noite a dormir dentro do carro, e há quem aproveite para limpar os estofos da viatura, enquanto ouve o noticiário na rádio.
"Não podemos ir embora porque esta é uma luta de todos e por uma causa que afeta a todos. Apenas queremos igualdade", disse à agência Lusa Idalina Sousa, motorista de táxi há cinco anos, negócio que gere com o marido que à hora da entrevista tinha ido a casa tomar banho para "render" a esposa mais tarde.
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Cerca de 200 taxistas continuam concentrados na Estrada Nacional 125/10, junto ao aeroporto de Faro, no segundo dia de protesto contra a nova legislação das plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados.
Uma delegação de taxistas espanhóis juntou-se na Praça dos Restauradores, em Lisboa, ao protesto dos profissionais portugueses e incitou à permanência no local, qualificando os políticos portugueses e espanhóis como "corruptos" contra os quais é preciso lutar.
Estão a sacar a economia do país, em Espanha é igual
"Estas plataformas estão a destruir o trabalho dos trabalhadores honrados em Espanha e Portugal. Isto é uma luta de gente trabalhadora. Estão a sacar a economia do país, em Espanha é igual, os políticos são corruptos, aqui é igual. Os políticos só querem dinheiro, há que ir contra os políticos", disse Saul Crespo, porta-voz dos taxistas espanhóis.
Os dois táxis que fizeram mais de 600 quilómetros para se juntar ao protesto dos portugueses foram recebidos pelas centenas de profissionais concentrados na Praça dos Restauradores com fortes aplausos e gritos como "somos táxi, somos táxi".
"Temos de estar todos unidos, paramos todos ou é a morte", disse Saul Crespo, defendendo que os taxistas portugueses "não podem parar a luta" e têm de convencer os restantes companheiros que ainda não se juntaram aos protestos de que "a luta é de todos".
Há que bloquear, aparcar e fazer de tudo com pulso para mostrar aos políticos que os taxistas têm poder
"Há que bloquear, aparcar e fazer de tudo com pulso para mostrar aos políticos que os taxistas têm poder. Se o Governo não der solução, daqui não sai ninguém", incentivou o taxista espanhol, que pertence à associação Caracol, uma das que estão à frente das manifestações dos profissionais em Espanha.
Os taxistas manifestam-se contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal (TVDE) - Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé -, diploma promulgado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de julho.
Na quarta-feira os representantes as duas entidades representativas dos táxis reuniram-se com os grupos parlamentares para travar a lei que regulamenta as TVDE mas na falta de respostas positivas às reivindicações decidiram prolongar o protesto.