Aumentar exportações para mostrar "a esses nórdicos que é possível dar a volta"
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Basílio Horta, elogiou, esta sexta-feira, a capacidade exportadora das empresas portuguesas, sublinhando que a manter-se a tendência de crescimento o país pode não entrar em recessão e mostrará a "esses nórdicos que é possível dar a volta".
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Basílio Horta destacou, num encontro com empresários em Lisboa sobre oportunidades de investimento na Colômbia, que as exportações aumentaram 20% em Fevereiro (face ao mês homólogo de 2010) e cresceram, em termos reais, 14% em Janeiro e Fevereiro, sendo que, segundo as indicações preliminares, Março será também "um bom mês".
"Se mantivéssemos este ritmo já não entravamos em recessão. Se chegássemos ao fim do ano com um crescimento de 12%, seria possível um crescimento modesto mas que não fosse negativo", disse o dirigente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), reconhecendo que será difícil manter o ritmo.
Enaltecendo o trabalho das empresas portuguesas e o impacto das exportações na economia, Basílio Horta afirmou que servem também para "mostrar a estes nórdicos de sangue frio como somos capazes de mudar as coisas e ir para a frente", numa alusão à ajuda externa.
O presidente da AICEP considerou que "o tecido exportador nacional é que está a alimentar a economia portuguesa", sublinhando que "é fundamental que esta tendência de crescimento se mantenha" para dar "uma grande surpresa ao FMI, à OCDE e até ao próprio Governo que agora já fala em recessão".
Basílio Horta lamentou que esteja a ser criada uma imagem externa de Portugal "que entristece a todos" e apelou à união dos portugueses, para que não continuem a permitir o que os finlandeses e outros se permitem dizer sobre o país.
"O Governo está a negociar, atrás do Governo temos de estar todos. Não é altura para tirar esqueletos do armário, é altura para falar menos", vincou, acrescentando que "é um momento de reflectir seriamente sobre a dignidade nacional" e que os portugueses não devem estar na mesa das negociações "fragilizados e divididos".
O presidente da AICEP salientou também a importância de salvaguardar nas negociações que seja mantido um nível adequado de financiamento à economia, que não impeça o crescimento económico.
"Isso seria gravíssimo para a dívida soberana. O crédito só pode ser cumprido se houver um mínimo de crescimento económico que gere consumo e receitas", afirmou.
Por outro lado, "o facto de Portugal ter uma intervenção posterior à Irlanda e à Grécia até é positivo porque alguns erros do FMI nesses países podem ser corrigidos", adiantou.
Sobre os números da execução orçamental, divulgados esta sexta-feira, o responsável da AICEP descreveu-os como "muito positivos, pois se a despesa desce já não é preciso tanto financiamento".
Salientando que "mesmo os mais pessimistas têm de reconhecer que a economia está a funcionar", Basílio Horta afirmou que "só falta a política".