Família já renegociou o empréstimo bancário e comprou um carro elétrico par fazer face à subida das despesas.
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Para fazer face ao aumento do custo de vida, o casal Pedro Sousa (43 anos) e Ana Almeida (37), já renegociou o empréstimo bancário da casa e comprou um automóvel elétrico para poupar dinheiro nos combustíveis. Ana é terapeuta da fala (técnica superior de educação) no Agrupamento de Escolas de Mira. O marido trabalhou alguns anos como professor, mas a incerteza sobre o local de trabalho e sobre se ficaria ou não colocado levaram-no a deixar o ensino e a trabalhar numa empresa privada como assistente administrativo. "Trabalho há 15 anos na Função Pública e, até agora, nunca me arrependi, mas, neste momento, ninguém me sabe dizer se vamos ter aumento de ordenado ou não", disse ao JN a terapeuta, que reside com a família em Águeda.
Alice, de cinco anos, filha do casal, frequenta a pré-primária pública e é na escola pública que vai continuar por vontade dos pais. "Apesar de tudo, os professores, os técnicos e os assistentes administrativos continuam a fazer um excelente trabalho na escola pública", frisou Ana Almeida. E é este amor pela escola que Pedro Sousa também sente, mas que teve que pôr "em stand-by", pelo menos, por uns tempos.
Aulas noturnas
No trabalho que tem agora, recebe um ordenado inferior ao que recebia a lecionar, mas tem "estabilidade", pode acompanhar a filha e todos os anos tem aumento de salário. "A estabilidade financeira, mesmo que com ordenados não muito elevados, permite enfrentar o custo de vida com mais segurança", afirmou a terapeuta da fala. Se tudo correr como previsto, Pedro deverá tentar lecionar em cursos profissionais com aulas noturnas.
Ana tem epilepsia, é doente crónica, mas como técnica superior de educação não pode consolidar a mobilidade que a colocou a trabalhar perto de casa. "Receio ter que ir para uma escola longe, ter de pagar renda de mais uma casa e estar longe da minha filha", referiu.
Para o equilíbrio das finanças familiares também contribuiu a ajuda dos pais e dos sogros. Ambos têm hortas, e os legumes e a fruta, para além de biológicos, são oferta. Sobre o próximo ano, a família de Águeda não tem dúvidas: os aumentos salariais de que se fala para 2023 nunca vão acompanhar o custo de vida.