<p>O Banco Central Europeu comprou, ontem, quinta-feira, um número maior que o esperado de títulos de dívida pública portuguesa e irlandesa para baixar os juros dos empréstimos nos dois países, avança hoje o Financial Times.</p>
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A aquisição aconteceu na altura em que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, anunciava que a instituição ia manter o programa de aquisição de títulos de dívida soberana, sem, no entanto, avançar com valores.
"O programa vai manter-se", afirmou Trichet, escusando-se a avançar valores, apesar de alguns órgãos de comunicação social ingleses apontarem para montantes que ascendem até aos 1000 milhões de euros.
De acordo com o FT, o BCE comprou tranches de dívida de 100 milhões de euros, o que representa um montante quatro vezes superior às aquisições feitas anteriormente.
O jornal adianta que o BCE não comprou títulos espanhóis.
Entrevistado hoje de manhã pela televisão alemã RTL, Jean-Claude Trichet afirmou que o euro é "credível" e não está em crise enquanto moeda.
"Tem havido problemas de instabilidade financeira devido à crise orçamental de vários países europeus", adiantou, explicando que o BCE decidiu na quinta feira "continuar a fornecer liquidez à economia europeia", sendo que o programa "pode durar uma semana, um mês, três meses ou mesmo um período ilimitado".
Os juros portugueses desceram na quinta feira abaixo da faixa dos 6%, para 5,854%, contra os 6,4% registados na quarta feira à noite, enquanto os da Irlanda desceram abaixo dos 9% (para 8,297%).
Os juros de Espanha oscilaram entre os 5 e os 5,25%, enquanto que os juros em Itália baixaram para 4,36%, contra os 4,5% na quarta feira à noite.
Desde o início do programa do BCE, lançado em maio, durante a crise da dívida grega, a instituição financeira já comprou 67 mil milhões de títulos de dívida pública.
Esta semana, para evitar uma subida da massa monetária em circulação - o que poderia incentivar a inflação - o BCE "esterilizou" essas operações, ou seja, retirou do mercado um valor líquido semelhante ao montante colocado em circulação com a compra de dívida pública.