Lagarde garante que Banco Central está "totalmente equipado" para dar apoio. Europa e EUA empenhados em restaurar a confiança
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O Banco Central Europeu (BCE) diz que os bancos europeus estão sólidos, mas que está pronto a intervir se necessário. Christine Lagarde, presidente da instituição com sede em Frankfurt, esteve ontem no Parlamento Europeu a participar num debate, e garantiu que "o setor bancário da zona euro é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez", acrescentando que "o conjunto de ferramentas de política do BCE está totalmente equipado para fornecer apoio de liquidez ao sistema financeiro da zona euro, se necessário".
A líder do BCE elogiou "a ação rápida e as decisões tomadas pelas autoridades suíças" em relação ao Credit Suisse, que considerou "fundamentais para restaurar condições de mercado ordenadas e assegurar a estabilidade financeira". As palavras de Lagarde acalmaram as principais bolsas europeias, que ontem fecharam no verde, apesar do tombo de 55% das ações do Credit Suisse.
Também ontem, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, a participar num almoço da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), considerou que "os "desenvolvimentos mais recentes dão confiança", mas que é preciso manter a vigilância. "O processo continua e a nossa atenção está voltada para identificar eventuais questões quando e se elas se colocarem", sublinhou.
Os receios em torno da estabilidade do sistema financeiro europeu surgiram na última semana, com os investidores a reagirem mal ao anúncio do maior acionista individual do Credit Suisse, o Banco Nacional da Arábia Saudita, de que não injetaria mais dinheiro na instituição. As ações do banco afundaram e arrastaram as de outros bancos, incluindo o português BCP, trazendo à memória a crise financeira internacional de 2008.
A relevância sistémica do Credit Suisse fez soar os alarmes, e depressa o banco central suíço veio dizer que estava disponível para ajudar, se necessário. Ora, nem 24 horas depois, já estava a anunciar um empréstimo de 50,7 mil milhões de euros à segunda instituição financeira do país. E, no domingo, mais um desenlace: o anúncio de que o Credit Suisse seria comprado pelo também suíço UBS por três mil milhões de euros, acautelando a estabilidade financeira não só da Suíça, mas do Mundo, sublinharam o presidente suíço, Alain Berset, e a ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter. Uma solução que não vai poupar os detentores de obrigações, que terão perdas acima dos 16 mil milhões de euros.
Compra nos EUA
As preocupações em torno do Credit Suisse seguiram-se ao colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, nos Estados Unidos. Aí também depressa as autoridades norte-americanas agiram para evitar o contágio ao restante sistema financeiro. Já no domingo, a FDIC, a agência federal dos EUA que garante os depósitos bancários, anunciou que o New York Community Bank vai comprar uma parte significativa do Signature nova-iorquino, por cerca 2,5 mil milhões de euros.
Em causa estão ativos no valor de 36 mil milhões de euros. Quarenta agências do Signature vão assumir a marca Flagstar Bank, uma das filiais do New York Community.