A Comissão Europeia escusou-se hoje a comentar a "especulação" em torno da Grécia e de notícias divulgadas no fim de semana que dão conta das intenções do Fundo Monetário Internacional (FMI) em cessar a assistência financeira ao país.
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"Não comentamos a especulação em torno das intenções de membros da 'troika'", sublinhou um porta-voz do executivo comunitário.
Bruxelas permanece confiante que a próxima tranche financeira a Atenas será desembolsada em setembro, embora tenha voltado a alertar as autoridades gregas para a necessidade de "recuperar tempo" na implementação das medidas do programa de assistência firmado com a 'troika'.
O ministro da Economia alemão, Phillip Rösler, considerou no domingo, em entrevista à televisão pública ARD, ser "possível" uma saída da Grécia da zona euro, um cenário que "deixou de ser assustador há muito tempo",
"É evidente que Atenas não tem registado progressos no cumprimento do plano de reformas acordado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional", disse Rösler, que é também vice-chanceler e chefe do Partido Liberal.
O semanário Der Spiegel noticiou também no domingo que o FMI tenciona cessar as ajudas financeiras à Grécia, o que poderá lançar este país da zona euro na falência já em setembro.
A intenção do FMI de não libertar mais dinheiro para o programa de ajustamento financeiro negociado com Atenas já foi comunicada à União Europeia, garantiu a revista alemã, citando fontes diplomáticas em Bruxelas.
Atualmente, a chamada 'troika' do Banco Central Europeu (BCE), Comissão Europeia e FMI está em Atenas a examinar o cumprimento do memorando de entendimento.
Numerosos especialistas já advertiram, porém, que a Grécia não conseguirá reduzir a sua dívida pública a 120 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, objetivo central do programa traçado para reequilibrar as suas finanças públicas.
Atenas obteve até agora, desde maio de 2010, dois resgates no total de 240 mil milhões de euros, além de um perdão superior a 50 por cento da dívida por parte da grande maioria dos credores, mas a situação económica do país continua a ser muito crítica.
Se a Grécia obtiver mais tempo para cumprir o programa de ajustamento financeiro, como o novo governo de Antonis Samaras exige, isso custará à UE e ao FMI mais 50 mil milhões de euros, segundo cálculos da 'troika' citados pelo Der Spiegel.
Porém, muitos governos da zona euro não estão dispostos a emprestar mais dinheiro a Atenas, e a Finlândia e a Holanda condicionaram futuras ajudas à participação do FMI.