A Comissão Europeia reviu em alta de 0,6 pontos percentuais a taxa de inflação para Portugal para 2,3% este ano, mas abaixo dos 3,5% previstos para a zona euro.
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Segundo as previsões intercalares de inverno conhecidas esta quinta-feira, a taxa de inflação em Portugal deverá subir de 0,9% em 2021 para 2,3% este ano, antes de moderar para 1,3%.
Estes dados comparam com as previsões para a zona euro, com o executivo comunitário a projetar um pico de 3,5% este ano, recuando para 1,7% em 2023.
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Em outubro, Bruxelas previa uma taxa de inflação em Portugal de 0,8% em 2021, seguida de uma subida para 1,7% este ano e um recuo para 1,2% em 2023. Já para a zona euro estimava uma taxa de inflação de 2,4% em 2021, de 2,2% em 2022 e de 1,4% em 2023.
A Comissão Europeia recorda que a taxa de inflação em Portugal passou de -0,1% em 2020 para 0,9% em 2021, refletindo "uma volatilidade significativa nos preços da energia".
O executivo comunitário explica que os preços da energia no consumidor subiram 13,2%, em termos homólogos, no último trimestre de 2021. Recorda ainda que a inflação medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) atingiu 2,4%, em termos homólogos, no último trimestre de 2021, mas prevê que caia para 1,6% no mesmo período de 2022.
Bruxelas assinala que a revisão em alta para a zona euro se deve à expectativa de que os "preços da energia deverão agora permanecer elevados por mais tempo e as pressões sobre os preços estão a alargar-se a várias categorias de bens e serviços".
Pico no primeiro trimestre de 2022
"A inflação na zona euro deverá atingir o seu pico no primeiro trimestre de 2022 e manter-se acima dos 3% até ao terceiro trimestre do ano", assinala a Comissão Europeia no documento, acreditando, todavia, que "à medida que as pressões das restrições de oferta e dos preços da energia se desvanecem" a inflação diminua "acentuadamente no último trimestre do ano e se estabilize abaixo dos 2% no próximo ano".
A posição surge dias depois de o gabinete estatístico da UE, o Eurostat, ter divulgado que a taxa de inflação homóloga da zona euro registou 5,1% em janeiro deste ano, um novo recorde.
De acordo com o Eurostat, a tendência de subida de preços tem-se vindo a manter desde o segundo semestre de 2021, impulsionada principalmente pelo setor da energia.
O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, pelo que estabeleceu, em 2021, uma nova estratégia que contempla um objetivo de inflação de 2% a médio prazo.
A contribuir para a elevada inflação estão, de momento, os custos energéticos e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, por questões como a tensão geopolítica mundial, numa altura em que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia se intensifica e causa novas perturbações no fornecimento de gás russo à Europa.
A escalada dos preços da luz devido à subida no mercado do gás, à maior procura e à descida das temperaturas ameaça exacerbar a pobreza energética na Europa por causar dificuldades no pagamento das contas de aquecimento.