Entre os produtos para a consoada, há grandes subidas no açúcar e no leite meio gordo. Inflação recuou para 9,9% em novembro.
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Os produtos para confecionar os pratos e os doces da noite da consoada e do dia de Natal vão estar mais caros, como era expectável com os recordes de inflação atingidos durante vários meses ao longo deste ano. A subida dos preços está a pesar na carteira dos portugueses, com itens do cabaz natalício a atingir aumentos de 78%, como o arroz carolino. A 14 de dezembro, compor uma mesa para os dias 24 e 25 de dezembro custava mais 8,93 euros do que a 5 de janeiro passado, ou seja, um crescimento na conta total de aproximadamente 24%.
No cabaz composto pela Deco - Associação de Defesa do Consumidor, entram produtos como o bacalhau, a perna de peru, o açúcar, o azeite e os ovos. Relativamente ao início do ano, são o arroz carolino (mais 78%), o açúcar branco (44%) e o leite meio gordo (44%) a registarem as maiores subidas no preço. Outros alimentos como a couve, a batata vermelha e o óleo alimentar aumentaram 43%, 34% e 25%, respetivamente.
Aumento deverá ser maior
No caso do peixe que é rei e senhor na mesa dos portugueses durante o Natal, o valor do bacalhau passou de 10,60 euros ao quilo para 12,64 euros a 14 de dezembro. Em números absolutos, é este o produto com a maior subida (2,04 euros), se não considerarmos a variação percentual. Na mesma comparação, segue o azeite virgem que passou de 4,46 euros para os 5,89 euros, o que representa um acréscimo de 1,42 euros.
A Deco Proteste esclarece que o aumento de preços pode ser "ainda mais expressivo", uma vez que só considerou "uma unidade de cada produto ou um quilo, no caso dos produtos vendidos a peso". No total, são 16 os produtos no cabaz natalício da associação, onde entram, também, as bebidas (vinho branco e tinto), as frutas (abacaxi) e uma tablete de chocolate para culinária, por exemplo.
Se um português se dirigisse a 14 de dezembro às compras para adquirir o cabaz de Natal, estudado pela Deco Proteste, gastaria 46,96 euros. A 5 de janeiro, o mesmo grupo de produtos ficaria por 38,03 euros. O Instituto Nacional de Estatística confirmou a inflação de 9,9% em novembro, uma diminuição de 0,2 pontos percentuais face ao mês anterior.
Ao JN, fonte da associação de defesa do consumidor explicou que a análise semanal ao preço dos alimentos começou apenas no início do ano de 2022, não sendo possível, por isso, comparar qual a subida registada no valor do cabaz de Natal deste ano face a dezembro de 2021.
Diferenças de preços
Nos últimos meses, a conta a pagar nos supermercados raramente abrandou. A 5 de outubro, o mesmo cabaz custava 44,08 euros e, a 7 de dezembro, chegou aos 46,31 euros. Basta analisar os preços da semana de 7 a 14 de dezembro para comprovar, novamente, os aumentos. O arroz carolino cresceu 15%, o vinho tinto subiu 11% e a couve ficou 7% mais cara.
Em oposição, a uma semana do Natal, houve produtos que, nos últimos sete dias, tiveram uma descida no preço. É o caso da tablete de chocolate para culinária (menos 6%), da farinha para bolos (3%) e do bacalhau (1%). As contas da Deco Proteste são o resultado do cálculo do preço médio por produto, obtido num simulador das lojas online. Depois, é somado o valor médio de todos os itens e obtém-se o custo total do cabaz para um determinado dia.
Frutas, legumes e bebidas subiram de preço na semana passada
Desde o início de 2022, as categorias de produtos que mais subiram de preço foram os laticínios (mais 41%) e a mercearia (32%). Na última semana, foram as frutas e legumes (1,4%) e as bebidas (7%) a somar mais uns cêntimos ao cabaz de Natal, estudado pelo Deco Proteste. Apesar do abrandamento da inflação em novembro, o Instituto Nacional de Estatística aponta que houve aumentos das taxas de variação homóloga nos bens alimentares, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, na saúde e no tabaco. Já os preços nas classes dos transportes e dos restaurantes e hotéis abrandaram relativamente a outubro. Os dados do Eurostat, o gabinete de estatísticas da União Europeia, revelaram que a taxa de inflação homóloga da zona euro recuou para os 10,1% em novembro.