Os portugueses estão a carregar cada vez mais as baterias dos carros elétricos na rua. No ano passado, duplicou o consumo de eletricidade nos postos associados à rede Mobi.E. No espaço de dois anos, o consumo aumentou cinco vezes.
Corpo do artigo
O maior crescimento verificou-se nos postos de carregamento normal, que triplicaram o consumo para 7285,51 MWh, segundo os dados da Mobi.E.
Os postos de carregamento normal, que ainda são gratuitos, passaram a representar dois terços do consumo de eletricidade na rede. A culpa foi do fim das "borlas" nos postos de carregamento rápido, com utilização paga desde novembro de 2018.
A este aumento de consumo também está associado "o aumento do número de carros elétricos em circulação, fruto da subida das vendas de novos, mas também da importação de veículos", destaca Henrique Sánchez, presidente da Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).
Só no ano passado, perto de 13 mil veículos novos vendidos em Portugal eram totalmente elétricos ou híbridos plug-in.
Os dados da rede Mobi.E contabilizam os consumos efetuados nos postos de carregamento de acesso público. Ficam excluídos da lista os postos de acesso privado, como os supercarregadores da Tesla ou os locais de carregamento reservados a plataformas do tipo Uber.
A maior disponibilidade dos postos de carregamento da Mobi.E também suportou o aumento da utilização: no ano passado, havia um total de 777 postos ligados à rede pública, mais 20% do que em 2018 (647).
2019 foi o primeiro ano em que entraram os primeiros comercializadores de eletricidade para os postos de carregamento de acesso público. EDP Comercial e Prio foram duas das energéticas que se constituíram como CEME - comercializadores de eletricidade para a mobilidade elétrica.
No caso da EDP Comercial, foram consumidos 2050 MWh, correspondendo a perto de 20% de todo o consumo contabilizado pela Mobi.E no ano passado. Nesta empresa, cada utilizador gastou, em média, 4,27 euros por carregamento, adiantou fonte oficial.
Na Prio, foram consumidos 800 MWh, "maioritariamente provenientes de energias renováveis", com destaque para as eólicas.
Contactada pelo JN/DV, a Galp Electric optou por não fornecer dados.
Gratuitidade acaba
Este ano vai marcar o fim dos carregamentos grátis de carros elétricos em espaço público. Os 643 postos de carregamento da rede Mobi.E - aos quais poderão ser acrescentados 20 postos de municípios - vão ser concessionados a privados.
O pagamento da utilização destes postos de carregamento deverá iniciar-se no segundo semestre.
A UVE antecipa um maior crescimento na utilização dos postos de carregamento, "quer pelo aumento do número de veículos elétricos que se irão vender durante o ano, quer pelo alargamento da rede".
Henrique Sánchez destaca o aumento das estações de carregamento em espaço privado, que podem facilitar o acesso aos particulares.
Portugal é fabricante de carregadores
Portugal é um dos países europeus que fabricam carregadores, com destaque para três empresas: a Siemens (Corroios); a Magnum Cap (Aveiro); e a Efacec (Leça do Balio). 90% dos carregadores da Siemens vão ser exportados para Itália, Roménia e Alemanha e poderão servir para camiões, autocarros e veículos de recolha de lixo. A Magnum Cap tem soluções para particulares e para frotas da Europa à Austrália. A Efacec aposta nos clientes particulares e nos carregamento rápidos.