O presidente da República admitiu que a greve de dez dias dos pilotos da TAP poderá ter como consequência o despedimento de trabalhadores, lembrando situações semelhantes em outras companhias aéreas europeias.
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"Deus queira que na TAP não aconteça aquilo que aconteceu noutros países da União Europeia, em que as companhias de aviação foram forçadas a realizar despedimentos muito significativos e a cortar nas rotas. Mas, pelas informações que disponho neste momento, eu começo a recear que algo semelhante possa vir a acontecer na TAP", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
O presidente da República falava aos jornalistas no final de uma visita ao Comando Conjunto para as Operações Militares (CCOM), órgão do Estado-Maior General das Forças Armadas Portuguesas, em Oeiras.
Questionado sobre as acusações da comissão de trabalhadores da TAP de que admitir um cenário de despedimentos é fazer "chantagem", depois do secretário de Estado dos Transportes ter admitido que a greve de dez dias dos pilotos vai colocar problemas financeiros sérios à companhia aérea, o presidente da República disse entender que não deve acrescentar "absolutamente mais nada", porque "os portugueses já conhecem muito bem todas as coisas".
"Praticamente tudo já foi dito e há um reconhecimento generalizado que a TAP pode caminhar para uma situação extremamente difícil que eu gostaria que não acontecesse", sublinhou.
Sobre o que pode neste momento dizer aos pilotos, Cavaco Silva insistiu que "já tudo foi dito" e que pensa que "não há mais nada a dizer aos pilotos".
"Pela informação que me foi dada pela própria TAP e pelo Governo não vejo que haja qualquer coisa que eu, pessoalmente, possa acrescentar", sustentou.
Quanto à hipótese dos pilotos recuarem na intenção de avançar com a greve a partir de sexta-feira, o presidente da República disse esperar "o que qualquer português neste momento espera".
Contudo, acrescentou, de acordo com as informações que têm sido divulgadas, neste momento [ao fim da manhã de quinta-feira] não pode "expressar ilusões" para as quais não tem fundamento.
Interrogado sobre a possibilidade de travar o processo de privatização da TAP face ao momento atual, Cavaco Silva repetiu apenas que espera que não aconteça na TAP o que ocorreu em outros países. "Olhe-se para o caso da Polónia, olhe-se para o caso de Chipre, olhe-se para o caso da Alitália - Deus queira que isso não aconteça, mas eu começo a recear que pode acontecer", reconheceu.