Em dia de inauguração da Agrovouga, manda a tradição que os agricultores se manifestem em Aveiro. Este ano não foi excepção.
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Apesar da chuva, algumas centenas de agricultores concentraram-se no largo da estação, rumando, depois até ao Parque de Exposições, onde foi aprovado um documento que será, posteriormente, entregue ao Governo. Pedem mais apoios e alertam para a grave situação que o sector agrícola atravessa.
Luís Varela é agricultor na zona de Gouveia e diz que se deslocou até Aveiro para prestar solidariedade aos muitos colegas que vivem “uma situação muito complicada”. “Não conseguimos escoar os nossos produtos e o que vendemos é a preços tão baixos que não paga o trabalho e o investimento que fizemos”, diz este agricultor, pedindo ao Governo para “olhar para quem precisa. Esta é uma actividade muito importante que não pode ser esquecida, mas sim apoiada”.
Aumento do preço dos produtos, maior escoamento e mais apoios. São estas as principais reivindicações dos muitos homens e mulheres que trabalham a terra e que hoje, quarta-feira, se juntaram em Aveiro, acusando o Governo de “estar a matar a agricultura”.
Maria do Carmo Silva veio do concelho de Braga e queixa-se de não conseguir vender os produtos. “Tenho batatas, milho e outros hortícolas que simplesmente não consigo vender. Tive de investir em sementes e adubos e agora fico só com o prejuízo”, lamenta.
Quem também participou nesta manifestação foi Honário Novo, deputado do PCP na Assembleia da República. Veio “dar apoio” e mostrar “solidariedade com a luta dos agricultores”. Alertou para a necessidade do Governo olhar de outra forma para o sector no geral, e com especial atenção para a fileira do leite.
“Este apoio que foi agora anunciado por Bruxelas, cinco ou seis milhões, é insuficiente, pois corresponde a uma média de 300 euros por agricultor. É insuficiente e não responde aos problemas estruturais do sector”, disse, acrescentando que ao avançar-se com a política de cotas que está em cima da mesa “iremos caminhar para a redução do número de explorações leiteiras. Serão poucas as que conseguirão viabilidade económica para se manterem em funcionamento”.