Previsão é ligeiramente mais recuada do que se dizia. O consumo cresce menos, o investimento também. Economia salva pelas exportações, que aceleram.
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O cenário de crescimento da economia para 2020, onde está baseada a proposta de Orçamento do Estado do ano que vem (OE2020), é ligeiramente mais recuado do que se dizia. O consumo cresce menos, o investimento também.
Segundo apurou o Dinheiro Vivo, quando devem faltar escassas horas para a entrega do OE2020 no Parlamento, nas contas públicas, o défice fica em 0,1% do produto interno bruto (PIB) em 2019 e confirma-se o excedente de 0,2% do PIB em 2020, como foi sendo acenado nas últimas semanas.
Na economia real, em vez dos 2% de crescimento real que o governo ventilou nos últimos dias, Mário Centeno, o ministro das Finanças, acabou por encontrar uma expansão mais humilde em 2020, apontando agora para 1,9% do produto interno bruto (PIB), em termos reais, isto é, descontando já a inflação.
De acordo com o novo cenário macroeconómico da proposta do OE2020, a economia portuguesa estabiliza assim o ritmo nos 1,9% (igual à estimativa para 2019), mas os maiores agregados da procura interna perdem força face a este ano.
O consumo privado que terá crescido 2,2% em 2019, baixa para 2% no ano que vem. O investimento (a formação bruta de capital fixo, o novo investimento) vai abrandar de 7,3% este ano para 5,4% no próximo.
Compensa a projeção bem mais otimista de Centeno para a procura externa, que deve acelerar de 2,4% para 3% entre 2019 e 2020. Um mercado externo mais forte permite, acredita o governo, que as exportações de bens e serviços acelerem de 2,5% este ano para 3,2% no próximo.
Mesmo com excedente orçamental, o Centeno incorpora neste cenário macro mais despesa em forma de consumo público. Depois de crescer 0,6% em 2019, o consumo do setor público avança 0,8% em 2020.
Já as importações também moderam o ritmo da economia: passam de um crescimento de 5,2% em 2019 para para 4,4% no ano que vem. No mercado de trabalho, o desemprego desce de 6,4% este ano da população ativa para 6,1% em 2020, mas o emprego esmorece. Depois de crescer pouco (1%) neste ano que agora termina, não irá além de 0,6% no próximo, dizem as novas projeções das Finanças.