Reduções foram nas cidades grandes e só Ponta do Sol, na Madeira, não tem agência do banco público. Sindicato critica "estratégia comercial"
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) continua a ser o banco que está presente em mais concelhos do país, apesar de também ter contribuído para a vaga de encerramentos de agências na última década, com 305 agências fechadas. Há duas semanas, fecharam mais 23 balcões e o PSD quer explicações do Governo. As agências encerraram sobretudo nas grandes cidades.
O banco público está presente em 307 dos 308 concelhos de Portugal. A exceção é Ponta do Sol, na Região Autónoma da Madeira, onde o único banco presente é o BPI. A CGD também tinha um balcão em Ponta do Sol, mas encerrou-o em dezembro de 2019 debaixo de forte protesto do PS.
Os últimos 23 encerramentos ocorreram a 26 de agosto, sobretudo em cidades de maior dimensão. Destes, 16 foram na Área Metropolitana de Lisboa, um em Coimbra, outro em Ílhavo e cinco na Área Metropolitana do Porto. O banco público não comenta estes encerramentos, mas o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) avisa que fechar 23 agências "é brutal".
Ao JN, o presidente do STEC, Pedro Messias, explica que "o impacto do encerramento de uma agência é muito grande na população, sobretudo na mais idosa". O dirigente lamenta que a opção seja a da diminuição da despesa: "Atualmente, a estratégia da Caixa é igual à de um banco comercial, que é fechar onde não é rentável. Nós entendemos que não deve ser assim, porque é a CGD, que é o único banco público de Portugal e tem essa vertente pública".
O fecho das 23 agências levou o PSD a questionar o Governo. "O Ministério das Finanças não pode manter-se à margem do que está a acontecer, dado que representa o acionista, por um lado, e, por outro, dada a existência de matéria de interesse público", comunicou o Grupo Parlamentar, social-democrata.
menos trabalhadores
O número de trabalhadores adstritos à atividade doméstica da CGD também sofreu uma redução, passando de 9509 para 6117 entre 2011 e 2021. Segundo Pedro Messias, "não há despedimentos, mas há uma pressão que é feita sobre alguns trabalhadores a partir de uma determinada idade - 55 anos -, com quem se fazem acordos antes de irem para a pré-reforma". Estas rescisões verificaram-se "muito em 2020 na pandemia" e "têm vindo a diminuir", regista o dirigente sindical.
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Maioria em Lisboa
Das 305 agências da CGD que fecharam entre 2011 e 2021, 50 foram em Lisboa, a cidade mais atingida pela vaga de encerramentos. Segue-se o Porto (19 agências fechadas) e Coimbra e Sintra (ambas com 11).
Menos homens e novos
A redução de trabalhadores atingiu mais os homens (saíram 1872) do que as mulheres (saíram 1520) e o menor ritmo de contratações diminuiu o peso dos funcionários jovens, que eram 1287 em 2011 e apenas 214 no final de 2021.