Moradores indignados com saída do último balcão. Zona chegou a ter quatro agências. Damião de Góis e Carvalhido são os bancos mais próximos.
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O encerramento do balcão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na zona do Amial, no Porto, está a ter um grande impacto na comunidade, sobretudo entre os mais idosos. Deixam de ter acesso ao serviço presencial, não estão adaptados às novas tecnologias e têm maiores problemas de mobilidade. O descontentamento é grande. Os balcões da CGD mais perto estão localizados em Damião de Góis e no Carvalhido, a cerca de 1,5 quilómetros do Amial.
Arlinda Branco, reformada de 84 anos, mostra a sua revolta com a situação enquanto tenta controlar as lágrimas: "É muito mau, especialmente para as pessoas velhinhas como eu". Lembrando que há bem pouco tempo o Amial chegou a ter quatro agências, deixa uma questão: "Agora, onde vamos receber as nossas reformas, se a Caixa fechou?".
Expressando indignação e a tristeza, Arlinda Branco acrescenta que é um constrangimento ter de ir a Damião de Góis ou aos Aliados para levantar a reforma. "A gente não tem força nas pernas para poder fazer estas caminhadas. E se vamos de autocarro, o dinheiro não chega", sublinha.
O balcão da CGD faz também falta a Bernardino Martins, enfermeiro, de 78 anos, que destaca o "tratamento presencial" que era dado na agência. O enfermeiro conta ao JN que "havia filas de pessoas para atender e fecharam o banco para poupar meia dúzia de postos de trabalho".
Visivelmente descontente com a ausência do banco na zona, questiona como será a vida para os residentes mais velhos, já que a comunidade do Amial estava habituada a ter vários balcões de quase todos os bancos. Agora, não resta nenhum. "Os bancos ficam na mesma e o eterno sacrificado é o morador", remata indignado.
Se as pessoas estão a ser prejudicadas, também os comerciantes e os negócios estão a sofrer as consequências do encerramento do balcão da CGD no Amial, entende Magalhães Alves, comerciante de 70 anos.
Conta que os turistas "fazem as compras, no fim pagam e o cartão não funciona (por ser estrangeiro) e vão embora". Até há bem pouco tempo, não era assim: "Iam ao banco e levantavam o dinheiro". Magalhães Alves teve de encontrar uma alternativa para fazer os depósitos e desloca-se agora a outros balcões.
Diana Falcão, empreendedora de 27 anos, conta que a situação não tem impacto na sua vida. Faz tudo online. Apesar disso, acredita que "há uma função comunitária de ter determinados serviços que sejam próximos das pessoas, porque nem toda a gente tem a facilidade de utilizar a Internet".
Sublinha que mesmo o balcão mais próximo acaba por ser longe, "principalmente para uma pessoa com mobilidade reduzida".