A Caixa Geral de Depósitos renegociou 12.579 créditos à habitação no primeiro semestre, disse hoje o presidente do banco público, José de Matos.
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"Fazemos mil contactos por dia com clientes a propósito do crédito à habitação" para prevenir situações de incumprimento, disse hoje José de Matos numa conversa com jornalistas.
O presidente do banco público adiantou mesmo que, só no primeiro semestre, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) alterou as condições a 12.579 créditos à habitação, que passam por vários mecanismos, como a negociação de períodos de carência ou o alargamento do prazo para o pagamento do crédito.
Num momento de crise económica, a renegociação dos contratos tem sido utilizada pelos bancos para evitar o incumprimento de famílias que estejam sobrecarregadas com prestações de créditos, sobretudo empréstimos destinados à compra de habitação própria.
A CGD apresentou hoje as contas do primeiro semestre, em que teve prejuízos de 12,7 milhões de euros, que comparam com lucros de 91,4 milhões de euros em igual período do ano passado.
O banco público junta-se assim ao BCP (que teve resultados negativos de mais de 500 milhões de euros) ao apresentar prejuízos entre janeiro e junho.
A CGD destacou que os resultados refletiram a necessidade de contabilizar 728,9 milhões de euros para provisões e imparidades.
Destes, a maior parte (483,3 milhões de euros) foram para imparidades de crédito, sendo a CGD um banco com tradição nos empréstimos à habitação e construção e imobiliário. Os restantes 245,6 milhões foram para provisões e imparidades de outros ativos líquida, destinados sobretudo a fazer face à desvalorização das participações do banco na Portugal Telecom (54 milhões de euros), no BCP (6,8 milhões) e na La Seda Barcelona (38 milhões), assim como a exposição a títulos detidos pela área seguradora do Grupo.
A necessidade de vir a reforçar ainda mais as imparidades e provisões com o deteriorar da situação económica no segundo semestre preocupa a administração da CGD, que realça o crescimento do resultado bruto de exploração no primeiro semestre, que avançou 28,8 por cento em termos homólogos para 792,4 milhões de euros.
O banco atribuiu este aumento ao produto da atividade bancária e seguradora, que melhorou 8,4 por cento para 1.619 milhões de euros, e à queda de 3,7 por cento nos custos operativos para 826,7 milhões de euros.
O grupo CGD está atualmente em processo de venda do seu negócio da saúde, a HPP - Hospitais Privados de Portugal, devendo o anúncio do comprador estar por semanas.
De acordo com a edição de hoje do Diário Económico, a Espírito Santo Saúde (ES Saúde), os brasileiros da Amil -- Assistência Médica Internacional (o maior grupo de saúde do Brasil) e a Frontino, do empresário Jaime Antunes, em parceria com um investidor brasileiro, foram os que apresentaram até 20 de julho propostas para a compra da área de saúde do grupo CGD.
Quanto à área seguradora, esta deverá ser vendida até final do ano, segundo o acordo entre Portugal e a 'troika'. A CGD estará mais cautelosa com esta alienação dado o interesse em conseguir um bom negócio e o impacto que terá no setor segurador português.
Ao mesmo tempo, a CGD está num processo de concentração da sua atividade no negócio bancário. Depois da venda no primeiro semestre das posições na Cimpor e na Zon, o grupo está também vendedor das posições que detém na Brisa (o que deverá acontecer no âmbito da OPA em curso), assim como na Galp e na Portugal Telecom.
No total, com a venda destas participações, poderá encaixar no total cerca de 300 milhões de euros, aos preços de mercado destes títulos.