Chipre adia decisão e Merkel avisa para não pôr à prova a paciência da "troika"
O parlamento de Chipre voltou a adiar uma sessão extraordinária para decidir como evitar a bancarrota, esta sexta-feira, pouco depois de a chanceler alemã, Angel Merkel, dizer ao Governo de Nicósia que não deve pôr à prova a paciência da 'troika' nas negociações para o resgate.
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O Parlamento do Chipre adiou uma sessão extraordinária, enquanto continua a análise das propostas para conseguir milhares de milhões de euros e garantir o plano de resgate e evitar a bancarrota.
A sessão, que devia ter começado às 8 horas, foi adiada para que a comissão parlamentar das finanças continue a análise dos projetos de lei. Sob pressão do Eurogrupo e depois de terem fracassado as negociações com os russos, o Governo cipriota está a tentar encontrar um "plano B" aceitável para os europeus, depois de o parlamento ter rejeitado, na terça-feira, um projeto inicial de um imposto sobre as contas bancárias, que devia arrecadar 5,8 mil milhões de euros.
Entretanto, Angela Merkel avisou o Governo de Nicósia que não deve pôr à prova a paciência da 'troika', disseram hoje deputados alemães citados pela agência Efe.
Segundo as mesmas fontes, o aviso de Angela Merkel ao Chipre foi feito numa reunião extraordinária do grupo parlamentar do partido CDU/CSU (cristãos-democratas e social-cristãos bávaros)
Os deputados avançaram que a chanceler alemã criticou a ausência de comunicação e contactos durante vários dias entre Nicósia e a 'troika', composta pela Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), sobre as alternativas das autoridades cipriotas para evitar a bancarrota no país.
Os deputados indicaram ainda que também o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, alertou o Chipre, na mesma reunião, para não esperar que a 'troika' permita que tudo se mantenha como está.
Por seu lado, o ministro dos Assuntos Exteriores, Guido Westerwelle, exigiu transparência ao Governo cipriota sob pena de a União Europeia poder paralisar por causa da atitude de Nicósia.
"Estou muito preocupado, já que está a acontecer, face à atitude cipriota, uma paralisação nas decisões da União Europeia, o que naturalmente não é bom para ninguém, afirmou Westerwelle no jornal da manhã da televisão pública alemã ARD.
Depois de exigir que Chipre respeite as regras do jogo, Westerwelle afirmou que os Estados "estão dispostos a ser solidários, mas que os países que pedem essa solidariedade devem estar dispostos a cumprir os seus deveres".