Setor tenta virar-se para o mercado externo, mas o aumento da procura esgota fontes de fornecimento.
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O setor dos usados também está a ser fortemente afetado pela crise dos semicondutores. Sem carros novos para entrega, não há renovação de frotas e as rent-a-car, que já as tinham diminuído por causa da pandemia, agora não conseguem repor. Ou seja, não há automóveis com menos de três anos a chegar ao mercado de usados.
Os comerciantes tentam virar-se para a importação, mas o problema, queixam-se, é transversal a toda a Europa e, por outro lado, os atrasos na homologação de viaturas e atribuição de matrículas por parte do Instituto da Mobilidade e dos Transportes está a trazer graves constrangimentos ao setor. Mas, na verdade, numa primeira fase houve um crescimento significativo da procura por usados.
"Os consumidores optaram pela solução mais simples (e até económica) e escolheram os usados. Mas este fenómeno é (ou foi) limitado no tempo. Com a migração do consumo para os automóveis usados ou seminovos, a escassez da oferta começou, também ela, a afetar o setor", afirmou, ao JN, Nuno da Silva, presidente da Associação Portuguesa do Comércio Automóvel (APDCA).
O aumento da procura "tem um efeito perverso de esgotar as fontes de fornecimento e de fazer os preços aumentarem, não sendo necessariamente sinónimo de igual crescimento na rentabilidade dos stands", referiu.
Período conturbado
Se é verdade que as vendas de usados continuam a bater "recordes", o fenómeno, diz a APDCA, irá diminuir à medida que a oferta for escasseando.
Os comerciantes já sentem dificuldades no acesso a determinados modelos e a automóveis com menos de três anos, sendo natural que a maior procura leve a um aumento de preços nos mercados externos.
"Para potenciar o cenário da "tempestade perfeita", os construtores ainda se debatem com a escassez de matérias-primas, o seu aumento exponencial de preço e o aumento brutal dos custos de transportes. Por fim, mas não menos importante, os consecutivos atrasos e a ausência de respostas por parte do IMT complicam ainda mais um cenário que já se afigura preocupante e deveras complexo", revelou Nuno da Silva