Poucos portugueses vão sair de casa neste verão, indiciam as marcações para julho. Cancelamentos de voos são frequentes e só regiões autónomas recuperam tráfego.
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Um dos meses mais rentáveis do verão está a começar e as perspetivas para o turismo nacional já são as de um ano perdido. Ainda que haja maior procura por moradias isoladas com piscina em regiões de turismo menos massificado, as reservas do alojamento local estão com quebras de 40% a 60% entre julho e agosto. As viagens de avião têm mais cancelamentos do que reservas e estão praticamente estagnadas, mesmo com a abertura a países de fora da União Europeia, a partir de quarta-feira. Só as viagens para a Madeira e os Açores e entre ilhas "têm 40% de recuperação" no último mês, apesar de os testes obrigatórios à chegada demoverem turistas.
Os dados de reservas de alojamento local medidos pela ferramenta de negócios Airdna são francamente desoladores. Numa amostragem feita para o JN, relativa às cidades de Porto, Aveiro, Lisboa e Albufeira e à região da Madeira, as quebras nas reservas durante julho e agosto rondam os 50%. A ocupação média mal chega a 40% no início de agosto e os preços têm maior desconto quanto mais se aproxima a data. Fonte da Airdna acrescenta ainda que alguns preços médios podem estar a ser inflacionados por estarem a ser reservadas casas maiores, por exemplo.
Será o caso das moradias privadas com piscina, no interior norte, centro e Alentejo, cuja procura aumentou, mais do que pela hotelaria. A maioria dessas reservas é feita diretamente e não passa pelas agências de viagens, que estão a ver o negócio praticamente parado depois de três anos a subir.
"A procura de destinos estrangeiros é muitíssimo esporádica, e falamos para os últimos meses do ano", revelou fonte da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo. "O que se tem estado a vender são destinos nacionais, sobretudo Portugal continental, Madeira e Porto Santo e, em menor escala, os Açores", complementou.
Outubro e novembro
A maior agência nacional, a Abreu, confirma a tendência. "A maioria das reservas de curto prazo são para estadias em território nacional e o maior volume de reservas para o exterior concentra-se para os meses de outubro/novembro em diante", revelou Pedro Quintela, diretor-geral de vendas.
De acordo com fontes ouvidas pelo JN, que têm acesso ao sistema global de reservas mais utilizado no país, as viagens dos portugueses para fora estão 75% abaixo do que estavam há um ano. As poucas viagens de avião que os portugueses vão realizar destinam-se às ilhas e entre ilhas. "Só nessas viagens há uma recuperação, este mês, de 40%", resumiu. "No geral, há mais cancelamentos do que reservas", acrescentou.
No que respeita a estrangeiros, o mesmo sistema revela que, em julho, chegam turistas da Holanda, Bélgica, Suécia e Irlanda e, em menor número, de Paris, da Alemanha e de Itália. "Espanha, Grécia, Reino Unido e países Bálticos não vêm", lamentou a mesma fonte, atribuindo responsabilidades à "falta de definição atempada de regras para o turismo".
"Mesmo tendo decidido fazer testes à chegada, ao menos a Madeira definiu-o em maio e, com isso, agarrou operadores ingleses", exemplificou.
Destinos
Espanha
Ao lado do Algarve, a "região de Andaluzia, a chamada Costa do Sol, bem como as ilhas Canárias e Baleares" estão entre as regiões com maior procura na Agência Abreu, segundo o diretor-geral de vendas Pedro Quintela.
Sul e ilhas
Hotelaria e moradias no Centro, nas costas algarvia e na alentejana são "dominantes" nas reservas existentes, a par da procura para a Madeira e Porto Santo. Portugueses têm interesse nos Açores mas os testes "inibem" as reservas.
Praias exóticas
A agência Abreu nota que "praias exóticas como Maldivas, Seychelles e Maurícias mantêm-se entre as preferências dos portugueses, tal como paragens mais longínquas como Tailândia e Indonésia, que continuam a ser reservadas" para estadias após outubro.