Luís Filipe Menezes é contra o corte de salários no sector privado por entender que pode acentuar a recessão. Sem mencionar o nome de Rui Rio, lançou farpas ao seu congénere do Porto, que criticou medidas anunciadas pelo Governo, como o corte de subsídios aos funcionários públicos e pensionistas e considerou populista a redução de 15% nos directores municipais.
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"Em matéria de reformas podemos ir mais além, mas neste momento não faz sentido cortar salários no sector privado porque só iríamos acelerar a recessão. Se as empresas podem pagar, é bom que paguem", disse o presidente da Câmara de Gaia, esta quinta-feira, comentando a sugestão feita pela "troika".
Luís Filipe Menezes salientou que Portugal está a cumprir o memorando e que, dentro de algum tempo, poderá até "flexibilizar algumas medidas". "Fizemos esse acordo numa situação de fragilidade, num quadro de eleições antecipadas, quando ninguém sabia o que iria acontecer", disse, à margem de uma visita à Zona Empresarial da Urtigueira, em Canelas.
O autarca elogiou a actuação do Governo e, em particular, do ministro do Assuntos Parlamentares e de Estado Miguel Relvas, aproveitando para se demarcar de declarações recentes do presidente da Câmara do Porto - a proposta de substituir o corte de subsídios de férias e Natal aos funcionários públicos e pensionistas por uma sobretaxa equitativa para todos os contribuintes; e também a crítica ao corte de 15% nos directores municipais.
A ideia da sobretaxa equitativa, referiu Menezes, "mostra uma profunda ignorância do que foi acordado para Portugal, que era reduzir dois terços do défice pelo lado da despesa e se é assim, não pode ser com mais impostos". Disse ainda que "o Governo podia ir mais depressa em alguns casos", referindo-se à redução de quadros dirigentes na administração local, que Rui Rio considerou "uma imbecilidade técnica" por tratar todas as autarquias por igual, sem atender a indicadores de gestão.
"A Câmara de Gaia está preparada para avançar, se houver legislação que o suporte, com uma redução radical do número de quadros dirigentes de imediato", sublinhou. "É injusto criticar o Governo, não lhe dar algum tempo. Sem a consolidação das finanças públicas e sem avançarem as reformas estruturais, será difícil relançar a economia", salientou Luís Filipe Menezes.