O antigo ministro das Obras Públicas João Cravinho considerou, esta terça-feira, que a redução da contribuição dos empregadores para a Segurança Social "é um erro colossal" e "uma espécie de 'Robin' dos Bosques ao contrário", elogiando a "expressão de ira popular civilizadíssima".
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À saída da comissão de inquérito às Parcerias Público Privadas (PPP), João Cravinho considerou que o anúncio do primeiro-ministro sobre a Taxa Social Única (TSU) - descida para os empregadores e aumento para os trabalhadores - "é um erro colossal", considerando que "as justificações são de facto de uma indigência intelectual assinaláveis".
O ex-governante do PS defendeu que as medidas de austeridade anunciadas não foram "bem estudadas", realçando que "os empregadores portugueses são os que menos contribuem para o financiamento da Segurança Social, de acordo com o Eurostat".
"Em relação aos espanhóis, franceses, os empregadores portugueses são os que tem menos proporção da contribuição na despesa total", declarou.
De acordo com João Cravinho, "os benefícios não têm realismo", considerando que vai dar dinheiro para a tesouraria debilitada das empresas, "mas não resolve o problema de financiamento".
Além disso, acrescentou, "a procura está em queda e a maior parte tem o número de trabalhadores sobrevalorizados".
No emprego, se há restrições de financiamento, se há uma queda brutal no mercado concreto, se têm trabalhadores a mais em relação às tarefas, [a criação de emprego] é história da carochinha", disse.
"A questão do custo unitário de trabalho está a ser usada e abusada vergonhosamente para justificar baixas de salário a título da competitividade", acrescentou.
Em relação à manifestação de sábado contra as medidas de austeridade, João Cravinho destacou "expressão de ira popular civilizadíssima e profundamente sentida", considerando que "o grau de mobilização não pode surpreender".