Fernando Ulrich, presidente do BPI, afirmou, esta quinta-feira, em Lisboa, que o crédito "tem de cair 36 mil milhões de euros até 2014" para os bancos cumprirem o rácio de 120% de transformação de depósitos em crédito.
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Segundo Fernando Ulrich, que falava no congresso da CIP - Confederação Empresarial Portuguesa, a decorrer em Lisboa, o rácio de depósitos/crédito era de 149% em Junho, "e admitindo que os depósitos vão subir em linha com a inflação, ou seja, mais 15 mil milhões de euros em três anos, o crédito tem de cair 36 mil milhões de euros para chegar a 2014 com 120% do rácio".
O presidente do BPI adiantou que "para que o crédito pudesse ficar constante ao nível deste ano, os depósitos teriam de crescer ao ritmo de 6% ao ano durante os próximos três anos", o que "é difícil e altamente improvável, mas não é impossível".
Taxas vão aumentar
Fernando Ulrich disse que perante a pressão do aumento dos juros a oferecer pelos bancos aos depósitos, as taxas praticadas no crédito terão também tendência a aumentar. "Se compramos mais caro a matéria-prima, teremos que vender também mais caro", referiu.
O presidente do BPI deu como exemplo a captação de financiamento da EDP, que está a decorrer, e que oferece uma taxa de juro de 6%: "Se a EDP oferece esta taxa de juro para se financiar, imaginemos quanto pagarão as empresas que não têm este tipo de financiamento? Talvez 7,8% ou 9%".
Rácio de capital mínimo "é uma estupidez"
"Temos de continuar a protestar contra o que não tem sentido. O rácio de capital mínimo exigido aos bancos de 10% no próximo ano é o dobro do que tínhamos há cinco anos", afirmou Fernando Ulrich. Para o responsável, "fazer isto no meio de uma crise económica é uma estupidez monumental".
De acordo com o memorando de entendimento acordado com a 'troika, os bancos portugueses têm de cumprir um rácio 'core tier 1' (capital sobre activos ponderados de risco) de 9% este ano e 10% até final 2012.