
Suspeito usou um machado para partir um dos vidros da montra da "Mais Essência" e aceder ao interior do espaço comercial, onde encontraria a namorada sozinha
Leonel de Castro
Não aceitou fim da relação e decidiu matar a tiro a ex-namorada. Foi em julho de 2024, numa loja de Paranhos (Porto), onde a vítima vendia roupa e fragrâncias femininas. Ontem, um coletivo de juízes do Tribunal S. João Novo condenou o homem a 22 anos e meio de cadeia e a pagar 187 mil euros de indemnização ao filho da vítima, um rapaz de 12 anos.
O arguido, Paulo Nogueira, de 51 anos, confessou em julgamento a "maior parte" dos factos da acusação e invocou um "transtorno" psíquico momentâneo. A patologia foi desmentida por uma perícia, e o arguido acabaria por dizer que não sabia o que lhe "passou pela cabeça".
O alegado homicida teve, ainda assim, como atenuantes a confissão parcial dos factos e a manifestação de arrependimento.
Como agravantes, pesou o cadastro do arguido por crimes de fraude fiscal e de ameaça agravada.
Feitas as contas, o tribunal decidiu condená-lo a 22 anos e seis meses, por homicídio qualificado, agravado pela posse de arma proibida. Terá ainda de pagar 187 mil euros de indemnização ao filho da vítima, um menor, agora com 12 anos.
Os factos remontam ao final da tarde de 8 de julho do ano passado. Paulo Nogueira, empresário da construção civil em Estarreja, havia sido "rejeitado" pela namorada, Sónia Escobar, de 48 anos, com quem mantinha uma relação há cinco anos. O homem desconfiava que "as coisas já não estavam como dantes" e mandou instalar no carro da mulher um localizador e colocou uma aplicação no telemóvel dela que lhe permitia conhecer quase todos os seus passos.
A mulher desconhecia estas intrusões, mas estava cansada dos ciúmes e terminou a relação em junho de 2024. A 8 de julho, Paulo Nogueira viu-a com outro homem e foi a Estarreja buscar a caçadeira do pai e munições. Chegou à loja onde a vítima trabalhava pelas 19.30 horas. Partiu a montra com uma chave de rodas e foi ao carro buscar a espingarda, com que disparou duas vezes à queima-roupa. Atingida no ventre e no peito, a morte foi imediata. O homicida, cujas imagens ficaram registadas por câmaras próximas do local, foi a casa "tomar banho" e, a seguir, entregou-se à GNR de Estarreja.
Sónia Escobar tinha 48 anos
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