A defesa do ex-presidente do BCP Jardim Gonçalves mostrou-se, esta quarta-feira, convicta de que o julgamento que hoje se inicia irá "evidenciar que tudo se passou regularmente" naquele que foi o maior banco privado português.
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À entrada para a primeira sessão do julgamento do processo-crime relativo ao caso BCP, Magalhães e Silva, advogado de Jardim Gonçalves, disse "acreditar claramente na absolvição" do seu constituinte, insistindo que não houve por parte do fundador do BCP "qualquer irregularidade que tenha constituído crime".
"Não há falsa informação ao mercado", sublinhou Magalhães e Silva, alegando que as contas do BCP sempre reproduziram "com fidelidade" o que passou no banco.
Por seu turno, Carlos Pinto de Abreu, advogado de ex-gestor do BCP Filipe Pinhal, garantiu também à entrada para as Varas Criminais, em Lisboa, que "não houve qualquer tipo de falsificação [de documentos] nem qualquer tipo de manipulação [de mercado]".
Segundo Carlos Pinto de Abreu, "sempre o BCP prestou informações corretas de acordo com os factos que conhecia e de acordo com as regras legais".
O defensor de Filipe Pinhal criticou a acusação, observando que em Portugal "aqueles que constroem e criam riqueza são normalmente perseguidos".
As razões porque isso acontece - frisou - "são questões que serão discutidas em julgamento".
Em sua opinião, houve uma "falsificação da justiça" e este processo é o resultado "da chamada guerra BCP", que envolveu a disputa pelo poder do maior banco privado português.
O julgamento do ex-presidente do BCP e dos ex-gestores Filipe Pinhal, Christopher de Beck e António Rodrigues pelos crimes de manipulação de mercado e falsificação de documentos arrancou hoje nas Varas Criminais de Lisboa, com um coletivo de juízes presidido por Anabela Morais.
Fonte ligada ao processo adiantou à agência Lusa que os arguidos são imputados a prática daqueles crimes através da atividade de "off-shores" criadas e detidas pelo BCP para o efeito de influenciar a liquidez do título.
Destas operações, sublinhou a fonte, "resultaram perdas que os arguidos omitiram dos relatórios de prestações de contas do BCP, falsificando dados contabilísticos até finais de 2007".
O Ministério Público estará representado no julgamento pela procuradora Leonor Machado, que participou nas investigações do caso Ovchinnikov/Vale e Azevedo, que na altura levou à prisão preventiva do antigo presidente do Benfica.
O julgamento que hoje arrancou tinha sido adiado há cerca de um ano devido à participação dos arguidos num outro processo, em que membros da anterior gestão do banco recorrem das coimas aplicadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) por prestação de informação falsa ao mercado entre 2002 e 2007.