Desde a 1.ª greve geral convocada em conjunto pela CGTP e UGT em 1988, o desemprego aumentou 60%. No entanto, a riqueza do país cresceu quase cinco vezes. Os trabalhadores prometem paralisar o país, hoje, contra as políticas governamentais do Executivo.
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O desemprego afecta hoje 609 mil portugueses. A taxa de desemprego agravou-se para o valor recorde de 10,9% (último trimestre), um agravamento de 60% face à registada no ano da última greve geral conjunta, em 1988, quando estava nos 6,7%. A nível salarial, os portugueses recebem hoje mais 340 euros que há 22 anos.
Com base nos dados disponíveis na biblioteca digital do Instituto Nacional de Estatística (INE) e no Banco de Portugal, o JN retratou a economia nacional em 1988 e actualmente, embora os números não sejam totalmente comparáveis uma vez que as metodologias usadas se foram alterando ao longo dos anos.
O que mudou no país desde então? Portugal não sai bem na fotografia: em 22 anos, a riqueza do país cresceu quase cinco vezes, mas o défice do Estado engordou e a dívida do país subiu de 22 mil milhões de euros para 146 mil milhões.
As exportações aumentaram a um ritmo inferior aos das importações, tal como ainda hoje se verifica, mas tiveram um crescimento de 1000%. Em 1988, Portugal exportava apenas 7,8 mil milhões de euros para o exterior. Já o montante das importações era de 12,7 mil milhões de euros.
Os sindicatos culpam o Governo pela actual situação de Portugal e prometem paralisar hoje o país. À semelhança da greve geral de 88, espera-se uma elevada adesão ao protesto. No entanto, Silva Peneda, então ministro do Trabalho, ressalvou, ao JN, que a acção daquele ano nada tem a ver com esta: "A de 88 foi uma greve ideológica, tinha o objectivo claro de impedir uma reforma laboral. Esta é contra um conjunto de medidas implementadas pelo Governo e contra a União Europeia".
Os portugueses lutavam contra a reforma da legislação laboral lançada pelo Governo de Cavaco Silva, que introduzia, pela primeira vez, temas como o despedimento por justa causa e mexidas nas normas em situações de greve.
Uma opinião partilhada por Torres Couto, secretário-geral da UGT em 1988: "Há um conjunto de medidas inaceitáveis feitas pelo Governo, mas a maior quota-parte é da União Europeia e dos mercados que nos estão a penalizar".