Efeitos do recuo nas medidas de desconfinamento já estão a chegar à atividade económica, diz a OCDE.
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O primeiro-ministro admitiu, na semana passada, que Portugal está a "enfrentar a quarta vaga", com a propagação da variante delta da covid. E os efeitos parecem começar a fazer-se notar na atividade económica. É esse o sinal dado pelo indicador semanal desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), atualizado até ao final do mês de junho.
O weekly tracker é um indicador que analisa a evolução do produto interno bruto (PIB) com base na utilização dos dados de pesquisa da Google e em algoritmos que criam de modo automático modelos de representação da realidade com base num conjunto de dados - é um tipo de inteligência artificial para análise económica.
Depois da recuperação pronunciada no final de abril, com o avanço das diferentes fases de desconfinamento, em junho o indicador semanal começou a apresentar maiores oscilações, acabando por fraquejar mais no final do mês. Os dados mostram uma queda homóloga do PIB português de 5,7%, apenas atrás da Grécia (menos 8,62%). De entre 17 países da União Europeia, é o que apresenta uma variação percentual mais significativa face à semana de 20 de junho.
Analisando a evolução das últimas semanas, Alemanha, França e Itália apresentam boas perspetivas, aproximando-se já de níveis positivos ou estando acima da linha de água.
Para identificar alterações bruscas da atividade económica, o Banco de Portugal também lançou o indicador diário com dados de alta frequência que incluem o tráfego de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos e compras com cartões. Os últimos dados indicam uma "relativa estabilização" da atividade, face à semana anterior.
As previsões das universidades portuguesas apontam, contudo, para que os efeitos desta nova vaga não tenham impacto no crescimento económico para o conjunto do ano. O ISEG manteve a "previsão para o crescimento anual no intervalo 3,5% a 4,5%", na síntese de conjuntura de junho.
Já a Católica reviu em alta as previsões para este ano, apontando para um crescimento de 3,5%.