A cabeça e o coração, a razão e a emoção de Elsa Leite, 39 anos, sempre estiveram alinhadas, no que à atividade profissional diz respeito. Quis seguir a via do Turismo - e foi isso que fez. Ainda jovem, na pequena vila de Rebordosa (Paredes) onde nasceu, Elsa sonhava com a "organização de festas e casamentos numa quinta". Apetrechou-se com um curso de Turismo, mas a vida indicou--lhe outro caminho. De sucesso, mas outro caminho.
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A família de Mário Leite, marido de Elsa, dedica-se há mais de 100 anos à produção de cadeiras (o avô de Mário, o senhor Dias, já vendia cadeiras para Lisboa em 1907). O negócio foi passando de geração em geração - e apanhou Elsa Leite pelo meio. A atual diretora-geral da Fenabel ainda passou seis anos na AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), no Porto, precisamente no departamento dedicado ao turismo, mas já aí dedicava o tempo que sobrava à empresa familiar. O part-time passou a dedicação exclusiva já lá vão 12 anos.
"Como lido com os setores da hotelaria e da restauração e como sou responsável pelo marketing da empresa, de alguma forma acabo por também aqui poder usar o que aprendi no Turismo", aponta Elsa Leite. "Bom turismo tem de fazer as pessoas felizes, e é isso que eu gosto de fazer: trabalhar para ver as pessoas felizes".
O avô Dias fazia cadeiras numa garagem. Tinha como vizinho um outro cadeireiro, cuja filha o pai de Mário namoriscou. Juntaram os trapinhos e as forças: nasceu a Mário Leite, Lda., que assim se manteria até 1992, altura em que a empresa foi entregue aos filhos do casal, passando a chamar-se Fenabel (junção dos nomes Fernando e Abel, os irmãos a quem competia agora dar seguimento ao negócio secular).
Em 1999, o casal Leite assumiu o controlo total da Fenabel, após adquirir a parte que pertencia ao irmão de Mário. Treze anos volvidos, a empresa alcança a consagração internacional: conquistou, em setembro, o primeiro prémio de mobiliário infantil num dos maiores eventos mundiais do setor, o "China Furniture 2012". No evento participaram 3000 expositores de 10 países. "É o reconhecimento do trabalho de anos. O mercado dos infantários e dos lares será cada vez mais importante para as empresas de mobiliário. Foi por isso que decidimos apostar forte numa renovada linha de mobiliário para crianças, que agora deu frutos".
A este trunfo Elsa junta outro: "Somos uma espécie de alfaiates no mundo das cadeiras. Fazemos o fato à medida. Isso obriga-nos a ter uma grande flexibilidade porque, ao mesmo tempo que temos produção em massa, temos de saber responder às exigências específicas do cliente que quiser ter cadeiras personalizadas".
Com 70 trabalhadores no quadro, a Fenabel produz 500 cadeiras por dia, quase todas para exportação. Fechou 2011 com 5,3 milhões de euros de volume de negócios e espera crescer 5% neste ano.
"Os clientes confiam em nós. Sabem que entregamos as cadeiras dentro do prazo estipulado e que, a meio caminho, não alteramos o preço previamente definido. Essa é a nossa mais-valia", conclui Elsa Leite.