A diretora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Ana Trigo Morais, considera que as taxas cobradas nas transações com cartões de multibanco aos retalhistas em Portugal "são muito elevadas".
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"Entendemos que Portugal é um mercado que tem pouca concorrência e cobra taxas muito elevadas aos comerciantes", disse Ana Trigo, diretora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a propósito da decisão do Pingo Doce em deixar de aceitar pagamentos com cartões de multibanco e de crédito em compras com valor inferior a 20 euros.
Ana Trigo Morais disse que não é política da APED comentar as decisões dos seus associados, já que são um ato de gestão, mas lembrou que nos últimos anos a APED tem contestado os valores, tendo inclusivamente apresentado uma queixa em 2003 à Autoridade da Concorrência (AdC) por considerar a existência de distorção normal do funcionamento dos mercados, já que não há concorrência, e de "haver razão para se pagar taxas tão elevadas".
A AdC considerou que a APED não tinha razão. No final de 2011, a APED avançou com uma queixa semelhante no Tribunal do Comércio de Lisboa, que ainda está a decorrer.
Nas operações de crédito, segundo dados da APED, "o pagamento é duas vezes superior à média europeia, enquanto que nas operações a débito o valor a pagar pelos retalhistas é quase 3 vezes superior".
Por isso, a associação defende "a baixa da taxa de serviço aos comerciantes, sublinhando que "nos últimos quatro anos os associados da APED pagaram 318 milhões de euros" em taxas de custo de pagamento.
Atualmente, além de ser das taxas mais elevadas da Europa, segundo a mesma fonte, as empresas portuguesas estão a ter um cuidado especial em relação às suas linhas de custo. "Com a grave crise de consumo, é natural que as empresas tomem decisões de gestão".