Operadores de transportes públicos denunciam situação "dramática" e pedem ao Governo que ajude a garantir a sua sustentabilidade. Dizem que a atualização de 0,38% das tarifas não cobre custos operacionais.
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Várias empresas de transportes públicos podem reduzir serviços ou mesmo parar em janeiro. Segundo o presidente da Associação Nacional de Transportes de Passageiros (Antrop), Luís Cabaço Martins, a "sustentabilidade" dos operadores está na mão do Governo, com a revisão imediata do valor compensatório das tarifas. Afirma que a atualização de 0,38%, proposta para 2020, "é clarissimamente insuficiente para a sustentabilidade", numa altura em que, "devido a um conjunto de circunstâncias acumuladas, a situação da generalidade dos operadores é dramática".
"É uma situação transversal. Tivemos custos operacionais muito acima da percentagem que nos está a ser autorizada e, portanto, o que vai acontecer seguramente é, numa primeira fase, a redução do serviço, prejudicando a população e, numa segunda fase, podem até acontecer problemas ainda mais graves, com alguns operadores que não aguentem ter a manutenção do serviço", declarou.
Questionado sobre a possibilidade de empresas pararem, admitiu que "no limite pode acontecer isso". Ontem, num encontro com o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, a Antrop deixou "um pedido de ajuda" para suprir "o agravamento dos custos operacionais das empresas para 2020" que calcula em 3,96%.
"A questão neste momento é saber se as empresas estão ou não em condições de garantir a prestação de serviço público já em janeiro", disse. O JN contactou a assessoria do Ministério do Ambiente, que informou não haver quaisquer declarações da tutela sobre a reunião.
Nos últimos dias, as transportadores fizeram eco da "instabilidade" que o setor atravessa, face às condições de prorrogação das concessões a nível nacional. 14 empresas que representam uma área geográfica com uma população residente de 5.7 milhões de pessoas e mais de cinco mil trabalhadores emitiram um comunicado a alertar para a possibilidade "de supressão de ligações, frequências ou horários", caso não sejam adotadas medidas "por parte das autoridades e do governo que garantam a remuneração necessária dos operadores".
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CIM devem ajudar
Luís Cabaço defende que "a atualização de tarifário não resolve o problema [das empresas] no interior do país porque há uma escassez de procura". "Deve haver complementarmente um apoio aos operadores a negociar por cada comunidade intermunicipal porque as situações são diversas", pediu.
Concurso no Minho
O presidente da CIM Alto Minho, José Maria Costa, lançará a curto prazo concurso para a concessão dos transportes públicos da região (inclui Melgaço). "A proposta foi enviada para a entidade reguladora e mantém o atual mapa de serviços. Aguardamos decisão até janeiro", afirmou, revelando que "a prorrogação do prazo foi útil e prudente. Não poderia haver um território com transportes sem lei".