As operações imobiliárias de venda e imediato arrendamento ("sale&leaseback"), que permitem às empresas reforçar a tesouraria ou libertar capital para reduzir dívida, estão a apresentar uma forte dinâmica.
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No ano passado, as quatro grandes consultoras internacionais a operar no país registaram operações que, no acumulado, ultrapassaram os 600 milhões.
A maioria dos negócios foi na área do retalho, hotelaria, logística e saúde. Para 2021, estão previstas transações de monta. Até ao momento, com exceção dos hotéis, os ativos têm mantido ou até subido o seu valor.
A CBRE Portugal está "a assessorar clientes em processos que poderão resultar em transações de "sale&leaseback", envolvendo 26 imóveis e um volume de investimento superior a 700 milhões", adianta Nuno Nunes, diretor de capital markets da consultora. E, para breve, será fechada a venda do portfólio ibérico da Conforama, sete lojas em Portugal e quatro em Espanha, por 140 milhões de euros, lembra Paulo Sarmento, partner da Cushman & Wakefield (C&W).
Há investidores
No primeiro trimestre, não foram concretizadas operações neste modelo, mas, diz Fernando Ferreira, diretor de capital markets da JLL, as empresas têm-se demonstrado "curiosas em perceber como se operacionaliza estas operações, quais os critérios dos investidores e o valor de mercado expectável".
Nuno Esteves, investment development associate da Savills, aponta que, ao longo do ano, segmentos mais afetados pelos efeitos da pandemia, como sejam o turismo e retalho, podem avançar com estas operações como estratégia de recapitalização. E não faltarão compradores.
Como refere, o cenário macroeconómico é de elevada liquidez e há grande disponibilidade dos investidores em adquirir imóveis, e este é um contexto "atrativo para os proprietários alienarem". Mas lembra que "os players dos setores mais impactados pela pandemia serão os que maior tendência terão para vender por necessidade de liquidez ou até de sobrevivência".
"O ano de 2021 promete ser um ano muito prolífico em termos de número e volume de transações de sale&leaseback", defende também o especialista da CBRE. Para Nuno Nunes, esta dinâmica prende-se sobretudo com "um contexto de mercado particularmente favorável para a venda de ativos com contratos longos e com bons inquilinos". Para os investidores, este é um produto atrativo no cenário atual de incerteza.