O líder da equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI) na "troika" disse, esta quinta-feira, em entrevista à agência Lusa, que se o pedido português de auxílio tivesse sido mais rápido teria evitado uma quebra tão profunda na economia. Em comunicado, o director do FMI adiantou que os 26 mil milhões de ajuda podem ser aprovados ainda este mês.
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"A demora em agir torna sempre as coisas mais difíceis quando finalmente se tomam as medidas. A economia terá de cair antes de recuperar, e se as medidas tivessem sido tomadas antes, este ir para cima e para baixo não teria sido tão profundo", afirmou Poul Thomsen.
Poul Thomsen disse que "durante este período, quando o Governo teve problemas em financiar-se no mercado no médio e no longo prazo, vimos um aumento do endividamento de curto prazo e isso reduziu a liquidez no sistema bancário".
O responsável disse ainda não ter dúvidas que a situação "tornou mais difícil" a posição dos bancos portugueses.
"Os créditos que deveriam ter ido para as pequenas e médias empresas tiveram de ir para o Governo e isso poderia ter sido evitado, mas estamos onde estamos, e penso que temos um programa bom e equilibrado", concluiu Poul Thomsen.
26 mil milhões aprovados este mês
O director do FMI, Dominique Strauss-Kahn, adiantou que a instituição poderá aprovar os 26 mil milhões de euros da ajuda a Portugal até ao final do mês de Maio.
"O FMI tem activado os seus procedimentos acelerados para a análise deste 'Extended Fund Facility' (programa de financiamento alargado) e espero que o acordo vá para o conselho executivo para aprovação antes do final do mês", disse Dominique Strauss-Kahn, num comunicado de imprensa.
O FMI vai contribuir com 26 mil milhões dos 78 mil milhões de euros previstos para o empréstimo a Portugal por parte da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), contribuindo a União Europeia com 52 mil milhões de euros.
Na mesma nota de imprensa, o responsável considerou que a "chave para o sucesso" deste programa é um apoio partidário "alargado", assim como uma "implementação sustentada".
Strauss-Kahn afirma ainda que programa acordado entre o Governo e a 'troika' é "ambicioso" e que irá "envolver o sacrifício do povo português". No entanto, este permitirá uma economia "mais forte e mais dinâmica", que consiga "gerar empregos e oportunidades", acrescentou.