Aumentos para 2023 de 2%, abaixo da inflação deste ano - de 7,4% -, penalizam salários no Estado.
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Os trabalhadores do Estado arriscam perdas salariais entre 50 e 284 euros por mês em 2023, caso o Governo avance com uma atualização dos ordenados em torno dos 2%, em vez dos 7,4%, que é a taxa de inflação estimada para este ano. Na entrevista de anteontem à CNN, o primeiro-ministro, António Costa, foi perentório ao garantir que os funcionários públicos "não vão com certeza ser aumentados em 7,4%", em linha com a inflação.
Gorando as expectativas das organizações sindicais, que defendem uma atualização nunca inferior à inflação, António Costa revelou que "o referencial" do aumento salarial "é 2%", mas não será o único dado a ter em conta", assumiu.
Com base nos cálculos feitos pelo JN/DV a partir das remunerações brutas médias mensais dos funcionários públicos, as perdas salariais, em 2023, decorrentes de um aumento de 2% em vez de 7,4%, podem oscilar, em média, entre os 50 euros, para um ordenado de 733 euros de um assistente operacional, e os 284 euros mensais para um vencimento de 5294 euros de um magistrado.
Assistente técnico
Assim, se um assistente técnico, com um salário de 733 euros, fosse aumentado em 7,4% iria receber, a partir de janeiro de 2023, mais 54 euros, resultando num ordenado de 787 euros. Se se aplicar um aumento de 2%, o incremento será de apenas 3,6 euros, o que se traduz num ordenado de 736,6 euros. Ou seja, receberá menos 50 euros por mês.
Magistrados
No topo da tabela remuneratória, estão os magistrados que, em média, têm um vencimento de 5264 euros. Neste caso, uma atualização de 7,4% daria um salário de 5653 euros, mais 389 euros no final do mês. Com um aumento de 2%, o acréscimo é bem inferior, de 105 euros, para 5369 euros, o que dá uma perda de 284 euros mensais.
Em abril deste ano, o valor da remuneração base média mensal dos trabalhadores a tempo completo era de 1559 euros. Para este patamar de rendimentos, o corte será de 84 euros mensais, caso a subida salarial seja de 2% e não de 7,4%. Na primeira situação, o trabalhador receberá 1590, isto é, mais 31 euros. No segundo caso, o salário é de 1674 euros, um aumento de 115 euros.