Nuno Gaioso Ribeiro, presidente da C2 Capital Partners, afirmou na terça-feira que "dificilmente" o fundo que ficou com património da Promovalor, um dos grandes devedores do Novo Banco (NB), vai atingir o primeiro objetivo de reembolsar 60 milhões de euros ao banco em 2022.
Corpo do artigo
A Promovalor, grupo imobiliário de Luís Filipe Vieira, presidente da SAD do Benfica, é um dos grandes devedores que causou elevadas perdas ao NB, as quais foram cobertas pelo Fundo de Resolução.
A C2 Capital Partners ficou a gerir os ativos da Promovalor, entregues para pagar dívidas ao NB.
"Vejo hoje com dificuldade que essa meta possa ser atingida", disse Nuno Gaioso Ribeiro na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas do NB.
Respondendo a questões da deputada bloquista, Mariana Mortágua, Nuno Gaioso Ribeiro justificou o não cumprimento do reembolso previsto com vários motivos, incluindo os efeitos da pandemia nos ativos imobiliários. Indicou que a meta só será atingida se for possível levar a cabo a venda de um ativo de relevo, como é o caso de um edifício com escritórios em Moçambique ou de um hotel de luxo no Brasil, situações que caracterizou como difíceis, face à conjuntura naqueles dois países.
Gaioso Ribeiro frisou que, com a entrega dos ativos ao Fundo, "o devedor perdeu tudo", tendo ficado com uma participação no Fundo pela entrega de capital. "[O devedor] entregou os ativos todos e perdeu tudo".
Mariana Mortágua apontou que o fundo especial Capital Criativo registou perdas de 39 milhões de euros em 2018 e 83 milhões no ano seguinte. O NB inscreveu estes prejuízos no seu balanço, já que o banco é detentor de 96% do fundo.
Foram transferidos para este fundo, em 2017, um total de 246 milhões de euros de passivos das empresas de Luís Filipe Vieira. O fundo recebeu ainda 146 milhões de ativos referentes à parte do capital subscrita pelo NB, que ficou com 85 milhões de euros de créditos referentes a estes ativos no seu balanço. Segundo Gaioso Ribeiro, teria sido preferível que os ativos tivessem ficado "desonerados".
O gestor também foi questionado sobre a sua relação próxima com Luís Filipe Vieira, mas refutou a existência de qualquer conflito de interesses.