Os sucessivos cancelamentos de voos e o congestionamento que se tem registado no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, estão a afetar o setor do Turismo de forma díspar. Se as agências de viagens até estão a ganhar quota de mercado, os hoteleiros queixam-se dos prejuízos e pedem uma solução rápida.
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Esta segunda-feira, perante mais um dia de caos no aeroporto de Lisboa, com milhares de pessoas em filas de espera, o presidente da Associação de Hotelaria de Portugal, Bernardo Trindade, avisou que "a solução para o aeroporto de Lisboa é, há muito, urgente". É "urgentíssima no curto prazo" pois "Portugal não se pode dar ao luxo de rejeitar clientes por falta de soluções de mobilidade", alerta.
O arrastar da solução para um novo aeroporto, aliado às dificuldades dos últimos dias, têm resultado na "perda de oportunidades" para os hotéis e alojamentos "devido à incapacidade de resposta". Bernardo Trindade considera ainda que a reversão da polémica decisão tomada na semana passada pelo ministro Pedro Nuno Santos para o novo aeroporto "é muito má para o país" pois é precisa "uma solução imediata".
Assim, Bernardo Trindade apela "ao Governo e aos demais intervenientes que, apesar deste retrocesso, não se perca o foco e se trabalhe de forma célere para encontrar uma solução aeroportuária definitiva, a bem de Portugal e da imagem do país". O dirigente associativo entende que "já não há mais margem para adiar a decisão que é estratégica".
No fim de semana foram cancelados 121 voos, 75% dos quais da TAP. Esta segunda-feira registaram-se mais de 30 cancelamentos, o que fez com que o plano de contingência de verão para os aeroportos entrasse "na máxima afetação" de reforço de meios, anunciou o Governo. O plano assenta no reforço substancial de recursos humanos afetos aos aeroportos, novas soluções tecnológicas e operacionais.
CEO da TAP pede desculpa
A presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, pediu desculpa esta segunda-feira e reconheceu que a companhia aérea não "está a oferecer o serviço de excelência" que tinha planeado. A CEO admite ainda que a crise no transporte aeroportuário "não deverá melhorar nas próximas semanas, fruto do aumento regular das viagens de lazer e de negócios".
Em situação diferente estão as agências de viagens. Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e de Turismo (APAVT) refere que a existência "de um problema do lado da operação" contrasta com o bom ritmo de vendas: "Do ponto de vista da procura não sentimos ainda muitas consequências, ou seja, o nível de reservas está a aproximar-se de 2019".
Agências lucram mais
O líder da APAVT revela que as dificuldades operacionais associadas aos vários aeroportos internacionais, nos quais se inclui Lisboa, aumentaram "a incerteza na viagem" e diminuíram "o bem-estar" do cliente, o que está a traduzir-se numa crescente procura por agências que "garantem maior apoio e segurança" no caso de problemas: "Não estamos naturalmente felizes pelas experiências dos nossos clientes, mas detetamos e registamos algumas oportunidades pelo lado da venda, porque quanto mais complexo é o mundo das viagens, mais quota de mercado têm as agências".