Construção de novo polo em Gaia arranca em 2023 e já há "princípios de acordo" com algumas firmas. Em Gondomar, a obra para outro centro tecnológico arrancou no ano passado. Segue-se Matosinhos.
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Numa espécie de réplica inspirada em Silicon Valley, na Califórnia, Estados Unidos, onde empresas como a Google, Apple e Facebook construíram as suas sedes, várias firmas preparam projetos semelhantes e elegem os municípios da Área Metropolitana do Porto para os concretizar. Apesar de manterem a alta tecnologia como fio condutor - que é, aliás, a bandeira da região americana -, os "hubs" apresentados para Gondomar, Gaia e Matosinhos querem diferenciar-se. As universidades são chamadas a entrar no jogo e, em Gaia, serão mesmo a âncora do "hub".
Batizado Gaia Infinity Hub, o projeto da empresa Gestão Capital para os terrenos que custaram cerca de oito milhões de euros e onde funcionou, até dezembro do ano passado, o parque de campismo da Madalena começa a ser construído no próximo ano.
Fonte oficial da empresa avançou ao JN que já há "princípios de acordo" com algumas entidades interessadas em participar. O objetivo é que o "hub" seja considerado Projeto de Interesse Nacional (PIN). Para receber esse distintivo, a empresa estima entregar o plano "a todas as entidades relevantes" em seis meses.
No Grande Porto, Gondomar foi o mais recente concelho a receber um grande "hub". A construção do centro tecnológico da holandesa Metyis arrancou em junho do ano passado e representa um investimento da firma de dez milhões de euros. Deverá criar mil postos de trabalho diretos.
O próximo "hub" a ser construído será, então, o de Gaia. Só depois avançará o Matosinhos Innovation District, com a Universidade do Porto como parceira estratégica. O projeto surgiu na sequência do encerramento da Petrogal e ainda está a ser elaborado, mas a sua concretização depende do nível de contaminação dos terrenos, que ainda está por conhecer. Isto porque a verba do Fundo para a Transição Justa, que financiará o projeto, obriga a que a construção termine em 2026.
Se o polo avançar, deverá instalar-se na parcela de terreno em frente ao Hospital da Boa Nova, na expectativa de que não esteja contaminada.
Já para o Gaia Infinity Hub, "se tudo correr bem", 2026 é o ano apontado pela empresa como data de conclusão da obra.
O investimento inicial da Gestão Capital é de "700 milhões de euros", mas a promotora refere que "mais tarde [o projeto] poderá vir a crescer e, nessa altura, o valor de investimento pode chegar aos mil milhões de euros".
Parque de campismo
Quanto à eventual permanência de um parque de campismo naquele local, a Câmara de Gaia diz ter "vontade" em que pelo menos 15% do terreno continuasse a funcionar nesse sentido. Certo é que terá de ser o investidor a decidir, acrescenta a Autarquia. Para a promotora, esse tema "ainda não está decidido".
Até porque, justifica a empresa, "os investimentos até agora, como a compra do terreno, foram feitos pela Gestão Capital", mas a empresa quer "atrair outros investidores".
Nesse sentido, decorrem "contactos com empresas com o perfil adequado" para fazerem parte do projeto. "Em alguns casos, temos já princípios de acordo", acrescenta a mesma fonte, considerando não ser "ainda este o momento para revelar quem são essas entidades".
A proposta é de integração num "polo tecnológico como há poucos no Mundo", ancorado na educação. A principal parceira será, por isso, clarifica a promotora, uma instituição de ensino, estimando que possa atingir os 15 mil empregos, oito mil alunos e 1500 professores.
Empresas espalham-se pelo Porto, transformando a cidade num "cluster"
Apesar de existirem poucas áreas disponíveis no Porto para construir, de raiz, projetos exclusivamente de centros tecnológicos, as empresas continuam a instalar-se por toda a cidade, transformando-a, também, numa espécie de "cluster". Aliás, o Porto Tech Hub é, precisamente, uma associação sem fins lucrativos que promove e desenvolve a Cidade Invicta como centro tecnológico global de excelência. Todos os anos, a associação promove uma conferência, com workshops e palestras. No que toca a novas empresas, a consultora tecnológica NTT Data anunciou, em fevereiro, ter criado dois "hubs" na cidade. Um deles é uma extensão da estrutura focada nos serviços já existentes, enquanto o outro funciona como um centro de conhecimento especializado em "outsystems". O modelo de trabalho implementado pela companhia é "flexível, híbrido e dinâmico, que assenta na confiança e no compromisso de cada trabalhador". O projeto, lançado em 2016, está instalado no Largo do Dr. Tito Fontes. Nos 195 eventos criados, o projeto contou já com 6562 participantes e 80 entidades.