Empresa Parvalorem gastou mais de 3 milhões de euros para pagar rescisões a pouco mais de dez gestores.
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As indemnizações pagas pela Parvalorem, a empresa pública que ficou com os ativos tóxicos do antigo BPN, subiram 350% no último ano fiscal de 2021 depois de a administração liderada por Sofia Brígida Torres ter acertado com o Ministério das Finanças um programa de rescisões de contrato de trabalho por mútuo acordo, onde foram pagos 3,1 milhões de euros a pouco mais de dez trabalhadores, todos eles antigos diretores do ex-BPN.
A presidente da Parvalorem destaca na sua mensagem no relatório e contas mais recente, de 2021, a "redução do número de colaboradores, de 161 em 2018, para um total de 96, incluindo todas as saídas contratualizadas em 2021".
As indemnizações aos antigos diretores, com muitos anos de casa e alguns perto da reforma, foram entre os 200 mil e 400 mil euros. A administração, segundo o relatório e contas, refere que "foi lançado no final de 2021, um programa de rescisões por mútuo acordo, que permitiu alcançar uma redução anual da massa salarial de 2,6 milhões de euros, etapa prévia e fundamental da preparação dos trabalhos necessários ao lançamento de um concurso público para a externalização da gestão das carteiras de crédito e imóveis" para empresas externas. Ou seja, a Parvalorem tem excesso de trabalhadores depois de colocar os seus ativos para serem geridos por empresas externas.
A empresa ex-BPN contava com total de 129 trabalhadores, menos 4,45%, do seu quadro de pessoal em relação a 2020. A Parvalorem reconhece que "tem procurado ao longo dos anos adequar a estrutura e o número de colaboradores às suas reais necessidades de acordo com a evolução dos ativos sob gestão".
Assim, a 30 de julho de 2021, foi lançado o Programa de Rescisões por Mútuo Acordo, "com uma adesão de 36 colaboradores, dos quais 3 saíram em 2021, e os restantes ao longo do ano de 2022".
Desde 2010, as empresas do antigo BPN (Parvalorem Parups e Parparticipadas) devem ainda ao Estado 5,3 mil milhões de euros. A Parvalorem, desde o início da sua atividade, e até à data, recuperou para o Estado um "total de 1 023 milhões em cash, ou seja, 25,8% do total de crédito cedido (3 950 milhões)". Assim, o passivo totaliza 4 308 milhões de euros, o que corresponde, essencialmente, a empréstimos formalizados entre a Parvalorem e o Estado, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, num total de 4 294 milhões de euros.
A empresa teve um prejuízo de 17,6 milhões de euros em 2021, uma evolução favorável de 23 milhões face ao resultado verificado em 2020.