O modelo nacional de proteção facial está em vias de ser homologado. A DGS muda estratégia e recomenda o uso generalizado. As farmácias queixam-se de falta de stock.
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O setor têxtil nacional arrancará, dentro de dias, com a produção de máscaras sociais de proteção contra a Covid-19, cujo modelo está em vias de ser homologado pelo CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário. O compromisso é fazer com que, nas próximas semanas, estejam disponíveis para a população milhões de equipamentos daqueles, cuja utilização em locais fechados a Direção-Geral da Saúde (DGS) passou agora a sugerir.
Após semanas em que descartou o alargamento do uso da máscara além de profissionais de saúde e infetados, colocando-se na mira das críticas do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) e da Ordem dos Médicos, a DGS passou a admitir de forma cautelosa que todos a possam usar.
Cinco dias depois de a França homologar um modelo não cirúrgico para consumo interno, Portugal está em vias de o fazer. De acordo com a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), "em pouco dias uma máscara social, adequada a atividades quotidianas e capaz de assegurar proteção, será uma realidade". "Já tem várias aprovações e ensaios. Serão dias para conseguirmos produzir milhões de máscaras para Portugal e outros países", disse, ao JN, Mário Jorge Machado, presidente da ATP. "A máscara reutilizável pode vir a ser mais cara mas será reutilizada 30 ou 40 vezes", explicou o empresário, para quem este material "vai enraizar-se, como na cultura oriental, e refletir-se na moda".
Neste momento, conseguir uma máscara é um desafio para a maioria. Ao JN, Nuno Flora, secretário-geral da Associação Nacional de Farmácias, revelou que estes estabelecimentos "continuam a registar carência de equipamentos de proteção individual". Situação reportada ao Governo, a 23 de março, que "ainda não se alterou".
DGS "sem convicção" no uso
Há 10 dias, a DGS alargou a outros profissionais (que não só os da saúde) a indicação do uso de proteção facial, escudando-se na falta de orientações da Organização Mundial de Saúde e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. Na passada quarta-feira, este último organismo reconheceu os efeitos positivos do uso obrigatório geral adotado em meia dúzia de países europeus.
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Ontem, a ministra da Saúde, Marta Temido, adiantou que, para quem possa estar "em espaços fechados, poderá ser considerada a utilização da dita máscara social" e a DGS emitiu uma orientação nesse sentido. Mas teve necessidade de reafirmar que "não existe evidência científica direta que permita emitir uma recomendação a favor ou contra a utilização de máscaras pela população". Infarmed, ASAE e IPQ vão definir as especificidades deste material.
"Apesar da falta de convicção da nota emitida pela DGS, é positiva a mudança, que vem ao encontro do que temos vindo a pugnar nesta fase. Sem uma vacina e com a necessidade de voltar a socializar, é importante o uso da máscara", apontou o presidente do CEMP, Fausto Pinto.