Os eurodeputados que investigaram a intervenção da troika exigem mais "transparência" do Eurogrupo nas decisões que toma e defendem que a União Europeia deve avançar para um fundo próprio, que lhe permita agir autonomamente em futuros resgates.
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Na conferência de imprensa, esta terça-feira, em Estrasburgo, para apresentar o relatório final que foi aprovado, na segunda-feira à noite, pela comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, o eurodeputado alemão Othmar Karas (PPE) afirmou que as instituições europeias "não estavam preparadas" para a crise iniciada em 2008, mas considerou que "seria errado" culpar a troika - Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - "por todos os problemas".
Karas, tal como o outro correlator do Parlamento Europeu, o socialista francês Liem Hoang-Ngoc, defendeu uma revisão dos tratados europeus para criar o novo monetário europeu, resultante de uma evolução do atual Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
"A União Europeia deve poder dispor da sua própria assistência financeira, sobretudo num contexto de emergência como o que vivemos [quando começou a crise]. Não tínhamos fundos próprios, nem mecanismos (...), é preciso um mecanismo que não dependa de orçamentos nacionais dos países", sustentou o eurodeputado francês.
Neste contexto, Liem Hoang-Ngoc defendeu que o funcionamento deste novo instrumento, a ser criado "numa perspetiva de longo prazo", deve ser transparente e as decisões do Eurogrupo, uma "instância informal", "tomadas no quadro do método comunitário", com o envolvimento do Parlamento Europeu e do Conselho.
O conservador alemão Othmar Karas referiu ainda que no futuro, em caso de necessidade, os países devem poder continuar a poder recorrer ao FMI, mas que os resgates devem ser "europeizados" e levados a cabo com os recursos próprios do novo fundo monetário: "Precisamos de um fundo desta natureza".