O Investimento Directo Estrangeiro em Portugal caiu 46% no ano passado face a 2009, para 1,1 mil milhões de euros, o valor mais baixo desde 2004, e acima da queda média de 12 % na Europa.
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De acordo com o Ernst & Young Portuguese Attractiveness Survey 2011, "Portugal teve um desempenho modesto em 2010 na captação de IDE", o que é justificado "com a ausência de crescimento económico, o aumento de impostos e os níveis elevados de dívida pública".
A deterioração do 'rating' da República levou a que muitos investimentos tivessem sido abortados, sobretudo ao nível de fusões e aquisições, sendo apontado por 60 por cento dos 207 inquiridos como "negativa" para a captação de IDE.
"Este abrandamento na capacidade de atrair e reter IDE não foi exclusivo de Portugal", revela o estudo, adiantando que "a União Europeia captou menos 12 por cento", passando de 256 mil milhões de euros em 2009 para 225 mil milhões de euros em 2010 (de 347 mil milhões de dólares em 2009 para 305 mil milhões de dólares em 2010).
No contexto europeu, no seu valor máximo quando medido em função do PIB, o IDE representou 7,5 por cento do PIB europeu e 2000 e, em 2010, não ultrapassou os 1,8 por cento.
A economia italiana foi a que teve pior desempenho com uma quebra de 53 por cento na captação de IDE.
Por seu lado, os investidores que mais se destacaram foram os Estados Unidos, com um aumento do investimento de 43,3 por cento, e o Brasil, que investiu mais 16,3 por cento em 2010.
No caso português, "inverter a situação e rumar para o crescimento, por via de estímulos à economia é o passo seguinte", incentivos que, de acordo com os entrevistados, devem ser dados através de apoio a PME (33 por cento), redução da carga fiscal (31 por cento), apoio às indústrias de alta tecnologia e inovação (24 por cento), facilitar o acesso ao crédito (19 por cento), investimento em projetos de infra-estruturas de natureza urbana (13 por cento) e fortalecimento da ligação entre as universidades nacionais e as estrangeiras de renome (12 por cento).
O Ernst & Young Portuguese Attractiveness Survey 2011 realça a necessidade de suavizar as obrigações fiscais e de investir na educação, enquanto factor estratégico de melhoria do 'stock' de capital humano.
A reforma do sistema judicial é apontada por 11 por cento dos entrevistados, enquanto a necessidade de rever as leis laborais apenas é referida por apenas dois por cento.
Segundo o mesmo estudo, os sectores que poderão atrair mais IDE são o turismo, tecnologias de informação, energia e 'utilities' e actividades relacionadas com o mar.
O estudo destaca o caso particular do sector geológico no subsegmento dos recursos metálicos no que respeita à concretização de investimento a curto prazo.
O Ernst & Young Portuguese Attractiveness Survey entrevistou 207 executivos, entre os meses de Janeiro e Fevereiro de 2011. A amostra é representativa do mais adequado perfil do investidor em Portugal tendo em conta o European Investment Monitor.