Desde fevereiro, mais 47 mil pessoas recebem prestação. Taxa de cobertura permanece baixa: só 55% receberam apoio durante o mês de maio.
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A subida do desemprego devido à pandemia fez disparar a atribuição das prestações sociais por perda de trabalho nos últimos meses, com uma subida de 27% desde fevereiro, em linha com o que o Governo prevê que vá crescer face ao inicialmente orçamentado para este ano. Em maio, o número de beneficiários superou os 225 mil, num máximo de mais de três anos. Os trabalhadores até aos 34 anos são os grandes destinatários dos encargos adicionais da Segurança Social.
Em mais de 47 mil novos beneficiários acumulados entre fevereiro e maio, os jovens respondem por 46% da subida.
À semelhança do que aconteceu na última crise, são os vínculos mais precários os primeiros a ser alvo de despedimento nas empresas que procuram cortar custos. O "fim de trabalho não permanente" ou a não renovação é, aliás, o motivo mais comum para a inscrição em centros de emprego, de acordo com os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Desde fevereiro, a subida no desemprego entre quem tem até 25 anos está em 37%. Entre os 25 e os 34 anos cresce 52%. "Tem que ver com esse tipo de contratos estarem mais concentrados nos trabalhadores mais jovens", explica o economista João Cerejeira, da Universidade do Minho.
Ainda que a atribuição de subsídio esteja a aumentar, a taxa de cobertura permanece baixa. Em maio, apenas 55% dos mais de 400 mil desempregados registados recebiam prestação. Nos novos subsídios, desde fevereiro - segundo cálculos do JN - a taxa de cobertura atinge os 56% entre desempregados até aos 34 anos. É de 55% nos desempregados entre 35 e 54 anos e baixa aos 28% para as pessoas acima dos 55 anos.
"A cobertura do subsídio de desemprego é das mais baixas a nível europeu por haver o condicionalismo do número de dias. Apesar de ter sido reduzido durante o período da troika, continua a ser elevado", assinala João Cerejeira.
Nas medidas já adotadas, o governo prolongou o subsídio a quem já o recebe, mas não mudou as condições de acesso, que continuam a exigir 360 dias de descontos nos 24 meses anteriores.
Para o economista, seria possível fazer chegar o subsídio a mais pessoas sem aumentar os custos para o Estado. A solução seria reduzir a duração do apoio. "O subsídio de desemprego é relativamente pouco generoso nas condições de acesso, mas depois é relativamente generoso no número de dias de subsídio. Por exemplo, uma pessoa com menos de 30 anos pode ficar 330 dias em subsídio, o que é quase um ano. Podíamos ter um regime mais curto, mas com uma condicionalidade de acesso também mais curta".